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Pianos alemães para o mundo

(ns)1 de novembro de 2002

A construção de instrumentos musicais tem tradição na Alemanha, que exporta de 60 a 70% de sua produção.

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Os instrumentos alemães têm renome mundialFoto: Bilderbox

Na Alemanha, há aproximadamente uma dúzia de fabricantes famosos de pianos. Trata-se de empresas familiares, sem exceção, que vêm construindo instrumentos há três ou quatro gerações. Antes, como agora, muita coisa ainda é trabalho manual, artesanal. Apenas uma firma – a Bechstein – tem ações cotadas na bolsa de valores. "Os modelos permanecem os mesmos por décadas. Não há lançamentos a toda hora, como acontece na indústria automobilística", expõe Heinz-Dieter Schmitz, da Corporação de Construtores de Instrumentos da Renânia do Norte-Vestfália. "Parece um paradoxo, mas os fabricantes alemães conseguem se impor justamente pelo pequeno número de unidades que produzem. Só que vendem tudo o que fazem."

O comércio de instrumentos musicais, e o de pianos em especial, tem clientes exigentes na Alemanha. "A tendência agora favorece os modelos de alta qualidade e grau de sofisticação, ou então os mais simples, para iniciantes", disse à DW-WORLD Christian Blüthner, gerente da Julius Blüthner Pianofortefabrik, de Leipzig, e presidente da Federação Alemã das Indústrias de Piano. Apesar da crise econômica, continua-se investindo em instrumentos. Um piano de alto gabarito custa cerca de 20 mil euros. Um modelo mais em conta se consegue a partir de 3 mil, enquanto no segmento médio, os preços variam de 10 mil a 15 mil euros.

Artigo de exportação

Por tradição, os grandes compradores de instrumentos made in Germany estão nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. "Os fabricantes que estão representados no exterior estão em boa situação". Já os que se concentram no mercado interno, têm de ir à luta, segundo Christian Blüthner, fazendo uma retrospectiva de 2002.

Os mercados que mais crescem no momento são a Europa Oriental e a Ásia. Calcula-se a demanda de pianos na China, por exemplo, em torno de 500 mil por ano. Contudo, devido às altas taxas de importação – 45% – eles tornam-se inacessíveis para o cidadão comum. Não obstante, a demanda tem aumentado. A firma teuto-americana Steinway exportou 150 pianos para a China no ano passado. Preço de venda por unidade: 40 mil euros. Maior fabricante mundial de instrumentos musicais, a Yamaha quer abocanhar uma fatia maior do mercado, apostando principalmente no sul da Europa e na Europa Oriental, mesmo que poucos possam se dar ao luxo de comprar um instrumento nessas regiões.

Pianos em série

Sejam violinos, violas, violoncelos, flautas, clarinetas, oboés e instrumentos de teclas de todos os tipos: praticamente não há nenhum instrumento que a Yamaha não fabrique. "Os pianos mais baratos são produzidos em série na China e na Indonésia. Por esse sistema, quase não há trabalho manual, artesanal", avaliam os entendidos Schmitz e Blüthner. "As vendas dos modelos clássicos de piano têm sofrido fortes quedas", diz Peter Seherr-Thoss, gerente de vendas da Yamaha. Ele não gosta de tocar nas causas, mas o fato é que há um problema monetário, esclarece Christian Blüthner: "O que se obtém com as vendas em euro não cobre os custos em ienes."

Se continuar assim, a Yamaha terá problemas na Europa, onde tem forte presença, se bem que não necessariamente no setor "clássico" dos pianos. Mas descobriu um nicho no mercado: as aulas de música. Em toda a Europa, há 40 mil alunos aprendendo em mais de 600 "escolas de keyboard". Somente na Alemanha há 200 delas. Além do mais, a Yamaha oferece keyboards e instrumentos de sopro sob a forma de "pacote para escolas públicas". Os japoneses pensam em ligar seus clientes à marca desde cedo, embora um teclado não seja o mesmo que um piano. "Nesse aspecto, os alemães dormiram no ponto quanto a estabelecer o 'made in Germany' como marca de qualidade", reclama Chrstian Blüthner, pensando nas chances perdidas.