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PIB brasileiro deve encolher 1,5% em 2015, prevê Cepal

Marina Estarque29 de julho de 2015

Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe alerta para queda de investimentos e desaceleração do consumo. Para 2016, entidade aposta em recuperação da economia brasileira, que tem "grande capacidade de reagir".

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Foto: picture-alliance/ dpa

A economia brasileira deve encolher 1,5% em 2015, segundo projeções divulgadas nesta quarta-feira (29/07) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). A estimativa é a mesma da divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no início deste mês.

De acordo com o estudo da Cepal, toda a região passa por processo de desaceleração econômica e terá expansão de apenas 0,5% em 2015. Em abril, a comissão havia previsto que a economia da América Latina e Caribe cresceria 1% e que a do Brasil encolheria 0,9%.

No cenário brasileiro, a entidade, ligada à ONU, alertou para a queda dos investimentos e uma desaceleração do consumo, o que diminuiu a demanda interna, fator que garantiu o crescimento regional nos últimos anos.

A América do Sul terá o pior desempenho da região (-0,4%), impactada pelos números negativos do Brasil e da Venezuela, cuja economia deve contrair 5,5%. A América Central e o México devem crescer 2,8% e o Caribe, 1,7%.

Entre os motivos para o declínio econômico na região, a Cepal apontou a queda nos valores das commodities e o lento crescimento da economia mundial, principalmente na China e em outros países emergentes.

A comissão também destacou uma maior volatilidade e incerteza dos mercados internacionais, com o fortalecimento do dólar, os impactos da crise grega, a expectativa de aumento dos juros americanos e as recentes quedas nas bolsas chinesas.

Outro indicador preocupante, segundo a Cepal, é o desemprego, que deve crescer 0,5% na América Latina e Caribe, atingindo 6,5% em 2015.

Queda nos investimentos

Além de afetar o atual ciclo econômico, a constatada redução da taxa de investimento pode comprometer o crescimento de médio e logo prazo, destacou a Cepal. A comissão defendeu que a capacidade de acelerar o crescimento dependerá de medidas anticíclicas, que estimulem o investimento, tanto público quanto privado.

"Isso pode ser realizado com regras fiscais que protejam o investimento, recorrendo a parcerias público-privadas e a novas fontes de financiamento, como os bancos de investimentos e infraestrutura dos Brics, e mecanismos alternativos, como bônus verdes e empréstimos triangulares", disse a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena. Ela afirma que é possível manter o investimento sem aumentar a dívida pública.

No âmbito privado, a Cepal indica a necessidade de aumentar o acesso das pequenas e médias empresas ao financiamento produtivo, inclusive de longo prazo. Além disso, sugere melhorar a política industrial e de inovação tecnológica, com instrumentos que ultrapassem os atuais esquemas de incentivos tributários.

"Ajuste inteligente" para o Brasil

Para países com "pouco espaço fiscal" para realizar medidas anticíclicas, como seria o caso do Brasil, Bárcena defendeu um "ajuste inteligente".

"Ajuste vai ter que haver, porque o déficit fiscal não pode continuar crescendo dessa forma. Mas é preciso analisar os cortes de gastos para não debilitar os investimentos, porque, quando isso ocorre, vários trimestres ficam comprometidos e o impacto no crescimento do PIB é maior", disse.

Segundo Bárcena, é preciso preservar investimentos em infraestrutura, como transporte, energia e telecomunicações, para permitir um desenvolvimento sustentável. Da mesma forma, alguns gastos sociais não devem ser cortados.

"Sabemos que as transferências condicionadas [como o Bolsa Família] representam gastos baixos, de 0,4% do PIB, e beneficiam uma grande quantidade de famílias", afirmou.

Para 2016, a Cepal aposta numa recuperação da economia brasileira, mas não arrisca uma previsão de crescimento.

"O Brasil sempre revelou uma grande capacidade de reagir após períodos de ajuste. Isso aconteceu em 2003. Então, é possível que em 2016 o país saia desses números recessivos. Principalmente por ser uma economia diversificada, que não é afetada por um só setor", disse o secretário-executivo adjunto da Cepal, Antônio Prado. "O problema é que, nos últimos anos, houve uma coincidência de vários fatores", concluiu.