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Polícia alemã usa o Facebook para solucionar crimes

1 de abril de 2012

As redes sociais permitem alcançar rapidamente muitas pessoas. E a polícia também quer tirar proveito disso. Até agora foram feitos apenas testes, mas com sucesso. Único problema ainda é lidar com a privacidade na web.

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Deutschland Digitale Fahndung Berliner Polizei prüft Facebook-EinsatzFoto: picture-alliance/dpa

"Prezada comunidade do Facebook, nós divulgamos em nossa página um mandado de prisão urgente. Por favor, ajude-nos compartilhando a página. Assinado: sua polícia."

Assim começa a busca da polícia de Frankfurt na rede social Facebook. Na tela, um retrato-falado e a descrição do suspeito. Os usuários da rede são convidados a fornecer "informações relevantes", testemunhas são procuradas. Quem tiver alguma informação deve ligar para o Departamento de Polícia ou preencher um formulário online.

A investigação por meio do Facebook abre possibilidades sem precedentes: pela internet é possível alcançar muito mais pessoas do que com os meios de comunicação clássicos, como jornal, rádio ou televisão. Siegfried Wilhelm, do Departamento de Investigação Criminal do estado de Hessen, na Alemanha, elogia o novo método: "A vantagem é que através dos usuários do Facebook a informação se dissemina de forma muito rápida, o que acontece pela função 'compartilhar'. Essa propagação viral é extremamente bem-sucedida."

Em Frankfurt, uma morte já foi esclarecida com a ajuda dos usuários do Facebook. Um homem foi morto numa briga com seguranças de uma discoteca. A polícia postou na internet as imagens de uma câmera de vigilância para identificar testemunhas. A notícia se espalhou como fogo em capim seco pela comunidade virtual – testemunhas entraram em contato e os culpados foram condenados.

Também na Baixa Saxônia a polícia já obteve sucesso nas buscas com ajuda da rede social. Lá os investigadores consideram-se pioneiros na iniciativa: esse tipo de investigação pública começou no ano passado como um projeto piloto. Até agora, oito crimes já foram solucionados.

A página do Facebook da polícia de Hannover tem mais de 100 mil fãs. E no mural deles tem sempre alguma coisa acontecendo. Nem sempre são casos de criminosos procurados – há também buscas por carroças roubadas ou por proprietários de joias roubadas apreendidas.

"Criminalidade é relativamente jovem"

Deutschland Digitale Fahndung Fahndungsplakat mit dem Hinweis Erledigt!
"Caso encerrado!" Até agora oito crimes já foram solucionados com a ajuda dos internautas na Baixa SaxôniaFoto: picture-alliance/dpa

De acordo com estatísticas divulgadas a cada ano pela Agência Federal alemã de Investigações, crimes violentos são praticados principalmente por jovens. Essa faixa etária também é a mais ativa na rede. Quase 96% das pessoas até 30 anos têm perfil numa rede social. Dos usuários alemães do Facebook, 54% têm entre 18 e 34 anos.

Alexander Seidl, jurista especializado em internet da Universidade de Passau, vê grandes benefícios no trabalho da polícia na web: "A criminalidade está relativamente entre os jovens. Os investigadores podem conversar com um público que tem aproximadamente a mesma idade dos infratores. E assim a probabilidade de que os usuários reconheçam o criminoso é especialmente alta."

A primeira vista tudo isso pode parecer muito bom. Afinal, como escreveu um usuário em um fórum, "por que a polícia não pode usar os mesmos meios de comunicação que os bandidos?"

E quanto à privacidade?

Pois é justamente aqui que surgem as críticas: no Facebook e em outras redes sociais é possível comentar as mensagens postadas. "E essa função apresenta riscos, especialmente em relação à privacidade", diz Alexander Seidl. As delegacias de polícia chamam a atenção dos usuários para que não deem informações por meio dos comentários, mas sim por telefone ou e-mail. Mas se o usuário não obedece à recomendação, pode desrespeitar a privacidade de outras pessoas.

Por exemplo, se alguém publica o nome e endereço completo de alguém, e ainda comenta que o suposto molestador de crianças é um "canalha", vários usuários do Facebook ficam sabendo de quem se trata. Por isso os funcionários das delegacias precisam vigiar a página no Facebook dia e noite para apagar comentários indesejados, ofensivos ou mesmo irrelevantes. Mas até que eles sejam retirados da página, pode demorar horas. E nesse meio-tempo, os comentários podem causar um grande estrago.

Facebook Headquarter
Polícia de Hannover tem mais de 100 mil fãs no FacebookFoto: dapd

Os defensores da privacidade têm uma preocupação prática: ninguém sabe se os dados de uma pessoa podem ser apagados definitivamente da internet. Quando alguém é acusado injustamente, a suspeita pode permanecer – pelo menos na web – para sempre. O Facebook não exclui nenhum dado, ele apenas os oculta.

Para evitar esse problema, a polícia de Hessen desativou a função de comentários em seu perfil. Na página com mandados de buscas há apenas informações sobre os suspeitos e número de telefone para contato.

Modelo promissor

No momento muitos departamentos de investigação criminal trabalham com o sistema de busca de suspeitos pelo Facebook. Por toda parte na Alemanha são criados grupos de trabalho para discutir sobre o tema e especialmente tratar da questão da privacidade.

E como a polícia se apresenta como representante do Estado em plena rede social, em meio a fotos de festas, links engraçados e frases de efeito? "De maneira adequada", diverte-se Dirk Hallmann, do Departamento de Investigação Criminal da Baixa Saxônia. "Nós temos dois jovens colegas muito motivados que fazem isso com paixão, mas cuidam para não exagerar nas gírias e perder autoridade."

Autora: Silke Wünsch (ff)
Revisão: Mariana Santos