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Políticos à caça de mulheres

Estelina Farias5 de setembro de 2002

Partido neocomunista alemão faz campanha especial para conquistar votos femininos, por temer a concorrência da nova legenda feminista Die Frauen. Chanceler federal Gerhard Schröder promete mais chances às mulheres.

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Presidenta dos neocomunistas Gabi Zimmer brinda com a sua correligionária Petra PauFoto: AP

O Partido do Socialismo Democrático (PDS) e o chefe de governo, Gerhard Schröder, candidato à reeleição, têm motivos de sobra para seus esforços especiais no flerte com o sexo feminino. O maior deles é o potencial que as mulheres representam. Dos 61,2 milhões de eleitores alemães, elas somam 31,9 milhões.

O sucessor do partido comunista único da ex-República Democrática Alemã (RDA) enfrenta atualmente várias ameaças e uma delas é a de não conseguir ultrapassar a barreira dos 5% de votos para ter representação no Parlamento federal em Berlim. No último pleito, em 1998, o PDS escapou por pouco, conquistando apenas 5,1% e para o pleito deste mês só conta com cerca de 4% das intenções de voto, segundo as últimas pesquisas de vários institutos.

A posição dos neocomunistas piorou muito com a perda do seu ex-presidente e estrela máxima, o deputado federal e secretário de Economia de Berlim, Gregor Gysi. O partido perdeu pontos nas intenções de voto depois que o político e advogado de renome renunciou aos seus cargos no Executivo e Legislativo e abandonou a política, por causa do escândalo de vôos envolvendo políticos de todos os partidos. Antes de ser denunciado, Gysi confessou que usou para vôos de caráter particular bônus de milhas que adquirira na Lufthansa com vôos de serviço pagos pelo erário público.

Partido feminista

Para complicar ainda mais a situação do partido pós-comunista, aumentou a disputa pelos votos das mulheres. A legenda feminista Die Frauen (As Mulheres) conseguiu apoio suficiente, em quase toda parte da Alemanha, para participar da eleição do novo Parlamento que vai eleger um novo governo. A legenda criada 1995 se apresenta como "legítima representante dos interesses femininos". Sua porta-voz Waltraud Pomper, argumenta que as mulheres podem, finalmente, fazer uso do direito passivo e ativo de voto, adquirido em 1918, e votarem numa legenda que tem os interesses femininos como ponto central.

Atração feminista

A nova legenda acha que pode atrair mais mulheres para as urnas no dia 22. Ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório na Alemanha e na última eleição nacional, em 1998, a participação eleitoral das mulheres foi 1,6% menor que a dos homens. As militantes feministas jogam a culpa nos partidos tradicionais, "porque eles apóiam os privilégios dos homens". Die Frauen defende uma participação das mulheres em todos os setores da sociedade proporcionalmente à sua quota demográfica.

As mulheres representam mais de 50% da população alemã atual. Mas dos 669 deputados no Parlamento atual só 207 são mulheres. Elas estão igualmente sub-representadas, numericamente, no governo. O gabinete social-democrata e verde é constituído por seis ministras e oito ministros, além do chefe Schröder.

O partido feminista quer fazer valer o direito de igualdade de sexos e de autodeterminação das mulheres em relação a gravidez, sexualidade e forma de vida, exige independência econômica para elas e se volta contra todo tipo de violência, sexismo e racismo contra o chamado sexo frágil.

Creches e mãe solteira

De olho no potencial gigantesco de votos femininos estão todos os partidos alemães. O presidente do Partido Social Democrático (SPD) e chefe de governo Schröder promete garantir às mulheres chances de ter família e exercer uma carreira profissional ao mesmo tempo. Se reeleito, Schröder destinaria verbas milionárias para aumentar a oferta de creches, jardins de infância e escola de tempo integral.

Magedeburg
Presidenta da CDU, Angela Merkel (dir.) tentou ser a candidata conservadora à sucessão de Schröder, mas foi vencida na disputa interna pelo presidente da CSU, Edmund Stoiber (esq.)Foto: AP

O seu concorrente Edmund Stoiber integrou na sua equipe a jovem e bonita mãe solteira Katharina Reiche, no momento grávida pela segunda vez. Com isso o candidato da direita democrata-cristã à chefia de governo gerou indignação e crítica da Igreja católica e conservadores em geral. Ela foi apresentada como promessa de um país acolhedor para crianças, mas rechaçada como uma negação dos valores cristãos por parte de puritanos.

Bancada feminina

Com 105 mulheres num total de 298 deputados federais, o SPD de Schröder tem, numericamente, a maior bancada feminina. Mas, proporcionalmente, a maior quota feminina é do PDS. Dos 36 deputados neocomunistas eleitos no último pleito, 21 são mulheres (58,35% contra 35,25% do SPD), seguido pelo Partido Verde, governista, com 57,4% e pelo pequeno Partido Liberal (FDP) com 20,9%. Quanto mais à direita situa-se um partido, menor é a sua quota de mulheres, como provam as legendas irmãs de centro-direita democrata-cristã (CDU e CSU) do candidato Stoiber. Dos seus 245 assentos no Parlamento atual só 45 são ocupados por mulheres (18,4%).

Hitler baniu as mulheres da política

A tomada do poder pelos nazistas representou o fim da democracia e também das mulheres da política. O ditador Adolf Hitler suspendeu o direito passivo de voto das mulheres, afastou elas sistematicamente de todas as funções de postos qualificados e estabeleceu uma quota máxima de 10% de estudantes do sexo feminino nas universidades. Hitler impôs para as mulheres a chamada política de três "k". K de Kind, Küche e Kirche, quer dizer: criança, cozinha e igreja.