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"Ponte cultural entre a Alemanha e o mundo"

Abril de 2003

Conversando com Erik Bettermann, diretor-geral da Deutsche Welle.

https://p.dw.com/p/3ZBF
Foto: DW

Emissora internacional — isto não é um resquício do século passado, nesta era de recepção por satélite, internet e digitalização?

Erik Bettermann:

Para os jornalistas, os conteúdos é que estão em primeiro plano. A questão sobre qual meio é utilizado para transportar a mensagem ao público é secundária. Portanto, uma emissora internacional não é de maneira nenhuma um anacronismo, pois em muitas partes do mundo a informação continua sendo um bem raro e, com isso, valioso. Falando do ponto de vista alemão: a Deutsche Welle é a única empresa de comunicação que transmite para todo o mundo a partir da Alemanha — portanto, do coração da Europa — informações em multimídia e numa grande variedade de idiomas. E isto, já há 50 anos. Tanto faz se em Washington ou Vladivostok, Dar-es-Salaam ou Délhi — quem, além das nossas fronteiras, quiser se informar em sua própria língua a respeito da Alemanha ou da visão alemã dos acontecimentos internacionais, encontra na nossa oferta o que procura: nos programas de atualidade da DW-TV, transmitidos por satélite, na programação da DW-RADIO em 30 idiomas ou no website DW-WORLD.DE. Além disso, há ainda a GERMAN TV, que apresenta o que há de melhor na programação das emissoras de direito público ARD, ZDF e DW. Esta variedade fascinante é ímpar no cenário da mídia alemã.

Isto ainda não torna a Deutsche Welle imprescindível. O sucesso compensa de alguma forma todo o empenho?

E.B.:

Uma emissora internacional se dirige sempre — com exceção de épocas de crise — a pessoas com um interesse especial, cumpre sempre uma função complementar. [...] A cota daqueles que se utilizam regularmente de programas internacionais em todos os países deste mundo oscila entre cinco e no máximo dez por cento. Isto não se refere apenas à oferta da DW, como também a de todas as emissoras internacionais.
Startschuss für German TV in Berlin
Com Dieter Stolte (ZDF, esq.) e Fritz Pleitgen (ARD, centro), inaugurando a pay-tv GERMAN TVFoto: DW
No mundo inteiro, 28 milhões de pessoas ouvem regularmente a DW-RADIO e 22 milhões assistem regularmente à DW-TV. Posso afirmar com certo orgulho que nenhum outro instrumento da divulgação da cultura e da mídia da Alemanha no exterior alcança tantas pessoas.

Em proporções mundiais, esses números são modestos.

E.B.:

Importantes são os grupos-alvos a que nos dirigimos. Quem tem prioridade para nós são os multiplicadores nas regiões em que estamos presentes, portanto as pessoas que formam a opinião nas suas sociedades ou vão assumir essa função futuramente. Este é um dos pontos centrais no nosso perfil empresarial, que estabelece também as ênfases geográficas do nosso trabalho. Claro que nós levamos em consideração as condições tecnológicas nos respectivos países. Quer dizer: uma oferta online sofisticada em línguas africanas não corresponderia às possibilidades técnicas das pessoas de lá, da mesma forma que não faria nenhum sentido transmitir programas em ondas curtas em japonês. Portanto, ambos não fazem parte da nossa oferta. No momento, estamos elaborando uma "matriz midiática", com informações sobre que ofertas são utilizadas onde e por quais meios. Com base nesses resultados, vamos eventualmente rever a nossa estratégia de programação e divulgação. Mas gostaria de deixar absolutamente claro que a Deutsche Welle alcança em cada região em que está presente grupos-alvos definidos.

Qual é o "benefício" para o contribuinte alemão? Afinal ele está pagando este ano mais de 270 milhões de euros por esse empreendimento.

E.B.:

Pode-se resumir o proveito da emissora internacional da Alemanha para o contribuinte — e, com isso, para a comunidade: a Deutsche Welle fomenta em todo o mundo o prestígio do país. Ela dá uma força aos interesses políticos, econômicos e culturais da Alemanha nas regiões em que está presente, e acompanha o processo de unificação da Europa. Sendo que a cultura muitas vezes prepara o terreno.

A percepção da Alemanha no mundo é ambivalente. Por um lado, ela é vista como país dos "poetas e pensadores" e como potência econômica no coração da Europa. Por outro, a imagem da Alemanha no exterior continua marcada pelos 12 anos de ditadura nazista, a Segunda Guerra Mundial e a política de extermínio dos nazistas, bem como pela época da divisão do país.

Mesmo no caso de países ligados por laços de amizade e culturalmente próximos, como acontece com a Alemanha e os Estados Unidos, a maioria das pessoas sabem muito pouco umas a respeito das outras, algo de que os correspondentes no estrangeiro se queixam. Nos EUA, poucos entendem os motivos da política alemã em relação ao Iraque, para citar apenas o exemplo mais atual. [...]

A emissora internacional é um caminho decisivo para a divulgação de informações vindas da Alemanha e para a transmissão de uma imagem do país. A Deutsche Welle aproxima o nosso país das pessoas no mundo inteiro. Divulgar relatos originais sobre processos bilaterais e as implicações para a política internacional a um público interessado, com rapidez e de uma maneira autêntica e fidedigna — só a DW é que consegue isso. [...]

Desde o 11 de setembro de 2001, ouve-se falar muito em "diálogo das culturas" — um tema muito próprio da DW. Como vocês lidam com ele?

E.B.:

A presença global da DW-TV, DW-RADIO e DW-WORLD.DE constitui uma ponte cultural entre a Alemanha e o mundo. Por meio da nossa programação, nós nos comunicamos com pessoas do mundo inteiro que se interessam pelo nosso país e a sua população, a sua cultura e realidade de vida. Não se trata de uma via de mão única e sim — principalmente com as possibilidades oferecidas pela internet — de um autêntico diálogo. Somos, portanto, mediadores no diálogo das culturas e um símbolo do entendimento.

Addis Abeba, Ärthiopien DW-Tage am Goehte Institut in Addis Kind mit DW-Luftballons
Promovendo o entendimento com outros povos

O desconhecimento é a principal causa dos preconceitos e do ódio, a ignorância é o maior inimigo do entendimento. Precisamos ter o desejo de entender o outro e de nos fazer entender — este deve ser o ponto de partida da mediação cultural. Nós precisamos sempre também do intercâmbio cultural entre as culturas e não apenas do econômico: é ele que desperta o interesse por e a aceitação de um outro país, contribui para uma imagem mais rica em nuances. [...]

A língua alemã ainda desempenha algum papel no diálogo das culturas?

A divulgação e o fomento da língua alemã é um tema importante para nós. Quem fala em diálogo das culturas precisa de fato falar também do principal instrumento que existe para essa finalidade. A Alemanha não perdeu nada do seu prestígio como nação cultural — sua riqueza cultural é parte integrante da imagem que o país tem no estrangeiro. Mas não é só para ler os grandes poetas e pensadores no original; muitas vezes os conhecimentos de alemão são também condição para fazer carreira em empresas alemãs. Com os nossos cursos de alemão e a oferta de informações em língua alemã, nós complementamos os esforços do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) e dos Institutos Goethe no exterior. [...]

A propósito da liberdade de imprensa: após o fim do conflito entre o Ocidente e o Leste, as emissoras internacionais ainda têm o papel de "vozes da liberdade", que transmitem às pessoas informações não censuradas?

E.B.:

Não foi só o 11 de setembro de 2001 que mostrou que o mundo não se tornou mais pacífico. Basta lembrar-se das guerras nos Bálcãs, dos conflitos no território da ex-União Soviética bem como em inúmeras regiões da África e da Ásia. Para dois terços da população mundial, a liberdade de imprensa e de opinião continuam não existindo. A essas pessoas, a Deutsche Welle fornece informações fidedignas e não censuradas a respeito de ocorrências locais que não lhes são fornecidas no próprio país.

Em inúmeras regiões politicamente instáveis do globo, nós desempenhamos uma tarefa especial como emissora de crise e prevenção. Superar crises e guerras, bem como o empenho pela observação dos direitos humanos e de cidadania continuam sendo tarefas prioritárias na agenda política do século 21. Infelizmente, a importância da DW para a formação de opinião em regiões em conflito, bem como para a prevenção de conflitos costuma ser bastante menosprezada na Alemanha. [...]

A Deutsche Welle está completando 50 anos. Está ficando velha, ou cada vez mais vital?

E.B.:

Erik Bettermann mit Schlüssel
Erik Bettermann com a chave da nova sede em BonnFoto: DW/Eduard Fiegel
A Deutsche Welle é uma empresa de mídia que tem vitalidade e cujo nome representa inovação e flexibilidade na programação, técnica e administração. Nossos programas de qualidade, garantidos pela independência e a fidedignidade, gozam de alto prestígio em todo o mundo. A Deutsche Welle ocupa uma posição excelente na concorrência internacional.