1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Por que não? É muito fácil copiar

(ms)4 de março de 2003

Cresce o número de estudantes que utilizam a internet para poupar tempo e esforço mental. Eles entram na rede com o propósito de copiar trabalhos científicos alheios e entregar como se fossem seus.

https://p.dw.com/p/3IuM
Estudantes descobrem as "vantagens" da internetFoto: dpa

A desconfiança começa com detalhes simples, como palavras fora do contexto ou erros de digitação e aumenta quando o estudante escreve páginas e páginas em um determinado estilo e, de repente, fica poético. Todos esses indícios apontam para o plágio, afirma Debora Weber-Wulff, especialista em mídia da Escola Superior de Técnica e Ciência.

O plágio não é novidade. O que impressiona é a quantidade de estudantes que tentam empurrar trabalhos alheios como se tivessem sido escritos por eles. A internet é uma das propulsoras dessa tendência. É muito fácil copiar teses e pesquisas de outras pessoas. Em bancos de dados como a hausarbeiten.de estão armazenados na íntegra mais de dez mil trabalhos e monografias, à disposição dos interessados.

Tal recurso é tentador. Em vez de ficar semanas debruçados sobre livros para formular em um texto os próprios pensamentos, muitos jovens preferem a rapidez da rede. Basta uma série de cliques e uma impressora para que o trabalho fique pronto rapidinho.

Desrespeito ao direito autoral

Ainda não existem dados concretos sobre o número de estudantes que realmente fazem uso do plágio. Um recente estudo da Universidade de Bielefeld estima que 25% de todos os trabalhos contêm idéias de terceiros sem menção da fonte. "Com isso nós estamos perdendo nossa boa fama", diz Debora Weber-Wulff, acrescentando que a ciência precisa produzir continuamente novos conhecimentos, e a cópia poderá gerar a estagnação de novas idéias e descobertas no campo da pesquisa alemã.

Outro aspecto é o direito autoral, completamente desrespeitado por muitos estudantes. Copiar idéias sem citar a autoria é grave e passível de punições. "Eles acham que, se está na internet, é tudo de graça e pode ser usado. Claro que é possível fazer uso, mas é preciso mencionar sempre a fonte", lembra a especialista.

Na Alemanha, não existe uma regulamentação para casos de plágio acadêmico. O maior castigo que um estudante recebe, quando descoberto, é uma nota baixa. Já nos Estados Unidos, ele pode até ser expulso da universidade.

Atacar com as próprias armas

Weber-Wulff revelou que um método eficaz para coibir a cópia é atacar com a própria arma usada, ou seja, a internet. Quando tem dúvidas sobre a autenticidade de um trabalho, ela entra na rede e coloca um parágrafo em um programa de busca. Na maioria das vezes, ela encontra o texto original.

Aos poucos, entretanto, a Alemanha está despertando para a questão. A Universidade de Mainz, por exemplo, já alterou seu regulamento interno, que prevê agora a expulsão dos plagiadores. É claro que tal medida não vai acabar de vez com o problema.

Para os que lutam pelo reconhecimento da autoria de seus textos, resta o consolo da frase do escritor Theodor Fontane: "Não se deve ficar irritado com os plágios. Eles provavelmente são o mais elevado de todos os elogios".