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Premiado da Berlinale contesta popularidade de desenhos animados

(av)19 de fevereiro de 2002

O japonês Hayao Miyazaki expôs sérias dúvidas sobre o valor educativo do filme de animação. Com "Spirited away", o realizador acaba de conquistar o Urso de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Berlim.

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Cena de "Spirited Away", Urso de Ouro 2002Foto: AP

"Jamais sonhei que um leão, urso, ou outra coisa nos esperaria um dia no caminho que percorremos fazendo filmes", declarou em Tóquio Hayao Miyazaki, brandindo o troféu recém-conquistado com um grande sorriso.

Contudo o cineasta de 61 anos logo fica austero ao se interrogar sobre a popularidade de suas criações, que deixam as crianças "coladas" durante horas diante da TV. Segundo Miyazaki, seria melhor elas descobrirem a natureza e a vida de todos os dias: "Hoje em dia, as crianças não sabem fazer um fogo ou utilizar uma faca como se deve. Só o que sabem é bater as teclas do computador."

Dilema – O realizador, de cabelos grisalhos e olhar terno por trás dos óculos, põe em questão a atividade em que é mestre: "O que é que os pequenos aprendem sentados, assistindo a fitas de vídeo durante quatro ou cinco horas? Nada. Eles não podem crescer desta forma. E quanto mais os meus filmes se tornam populares, mais eles assistem aos vídeos. É um verdadeiro dilema para mim. Quem irá frear esta tendência? Se não o fizermos, as crianças perderão cada vez mais o contato com a realidade."

O rei do filme de animação japonês tem mesmo boas razões para se preocupar: sua última obra, Sen to Chihiro no Kamikakushi (Spirited Away) bateu todos os recordes de audiência no Japão, assistido por 22,67 milhões de espectadores e arrecadando nas bilheterias o equivalente a 220 milhões de dólares, desde julho de 2001.

A premiação com o Urso de Ouro 2002, dividida com Bloody Sunday, de Paul Greengrass, lhe abre agora boas chances no mercado europeu.