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'Modesta, porém eficiente'

DW (br/av)30 de junho de 2008

Como primeiro dos "novos países" a presidir a União Européia, a Eslovênia teve desempenho louvável. Segundo críticos, porém, o bloco europeu continua ignorando as verdadeiras necessidades de seus cidadãos.

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Janez Jansa, premiê da Eslovênia e ainda presidente da União EuropéiaFoto: Picture-Alliance /dpa

A Eslovênia foi o primeiro dos países da antiga "Cortina de Ferro" a assumir a presidência da União Européia (UE). Assim como a Eslováquia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia e República Tcheca, antes também sob governo comunista, ela se uniu ao bloco em 2004.

Neste 30 de junho chegam ao fim seus seis meses na presidência rotativa. No topo da lista das prioridades de Liubliana esteve a política dos Bálcãs, setor no qual realmente alcançou progressos. Entretanto, o recente "não" da Irlanda ao Tratado Constitucional da UE precipitou o bloco em nova crise, obscurecendo o final do mandato esloveno.

Conquistas nos Bálcãs

Jacki Davis, diretora de comunicações do think tank European Policy Centre (EPC), de Bruxelas, avalia positivamente a atuação da Eslovênia. "O que ela tinha que provar, e provou, é que um novo e pequeno país-membro pode exercer a presidência e enfrentar as tarefas necessárias sem que tudo vá por água abaixo."

O país situado entre a Itália, a Áustria e a Croácia se empenhou com veemência para que a União Européia reconhecesse a independência do Kosovo. Ao mesmo tempo, aplainou um pouco o caminho da Sérvia para o ingresso no bloco europeu. Porém, a UE não pôde assumir a supervisão política no Kosovo, como desejado, e, devido às ressalvas russas, continuará agindo sob o teto das Nações Unidas.

Após as eleições sérvias, a situação se distendeu ligeiramente. Os acordos de estabilização e associação com a Sérvia e a Bósnia-Herzegovina foram passos importantes em direção a um futuro ingresso desses dois países na UE. Davis computa os avanços na política balcânica como uma vitória eslovena, sobretudo considerando-se a intensa polêmica entre os países-membros no tocante à questão.

Mea culpa de Jansa

Janez Jansa, primeiro-ministro da Eslovênia e em breve ex-presidente da UE, lamentou que ele e seus 26 colegas não tenham se empenhado o suficiente pela Europa.

"Acredito que seja possível explicar [a necessidade do Tratado Constitucional] aos cidadãos europeus. Não é tão difícil assim, é preciso tempo e a abordagem certa. Precisamos mudar a atitude negativa em relação às instituições européias. É preciso uma identidade européia."

A nuvem negra do "não" irlandês ao tratado de reforma da União Européia "não foi culpa dos eslovenos", afirma a especialista do EPC. Permanece em aberto se será possível a adesão dos Estados balcânicos à UE sem o Tratado de Lisboa.

Modéstia e eficiência

Seja como for, após 14 anos de discussões, o reservado chefe de governo esloveno e sua equipe relativamente pequena conseguiram, sem grande alarde, fazer passar pelas instituições européias um pacote de leis sobre a unificação da jornada de trabalho, assim como a primeira parte da legislação conjunta sobre o asilo.

Além disso, foi fundada uma nova universidade mediterrânea da UE (Emuni). E, durante o encontro de cúpula em Lima, retomou-se o diálogo com a América Latina a respeito do aquecimento global, da produção de alimentos e da segurança energética.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, elogiou: "Se todos os países-membros agissem de modo tão engajado quanto a Eslovênia, a UE poderia superar muitas de suas dificuldades". Ele classificou o mandato da Eslovênia como "modesto, porém eficiente".

Da França, que assumirá a presidência rotativa da UE em 1º de julho, os diversos observadores em Bruxelas esperam antes o contrário.

Dar para receber

Já o social-democrata Jo Leinen, deputado do Parlamento Europeu, criticou a Eslovênia e os demais integrantes do bloco por não reconhecerem as verdadeiras preocupações da população.

"Preços de gêneros alimentícios e energia, crise do crédito, altos salários para executivos. Em vários assuntos que preocupam os cidadãos, só chegamos tarde demais ou tomamos meias decisões. A Europa precisa ser útil para as pessoas, precisa protegê-las, aí elas também nos apoiarão e nos seguirão."