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Presidente alemão exige reforma da ONU

ef20 de novembro de 2003

Para enfrentar desafios globais como o terrorismo, armas de destruição em massa, pobreza e fome, e também para "civilizar a globalização", o presidente da Alemanha, Johannes Rau, exigiu, no México, uma reforma da ONU.

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Johannes Rau defende nova ordem internacionalFoto: AP

"As Nações Unidas e suas organizações têm de ser no futuro o instrumento global mais importante da política multilateral", disse o presidente alemão no discurso que pronunciou na Cidade do México, no qual criticou a guerra dos Estados Unidos no Iraque. O México é a primeira estação de sua visita de Estado à América Latina. De lá, Rau prosseguirá para o Chile, Uruguai e Brasil. O presidente permanecerá dez dias na região, acompanhado de uma grande delegação de empresários, em sua maioria de firmas de médio porte.

Guerra só com mandato da ONU?

- O político social-democrata alemão defendeu uma nova ordem mundial, para que as normas do direito internacional sejam empregadas contra governos ditatoriais que maltratam o seu povo. Rau ponderou, todavia, que nenhum Estado deve ter o direito o direito de intervir em outro, sem uma resolução aprovada à luz do direito internacional. Esta deve ser, na sua concepção, a única condição para o uso da violência militar. Rau não mencionou diretamente a guerra dos Estados Unidos no Iraque sem mandato da ONU.

Rau destacou que a Alemanha apóia a reivindicação do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para uma reforma de sua organização. O governo social-democrata e verde alemão foi contra a guerra no Iraque e defende um papel importante da ONU na pacificação e reconstrução do país.

O pronunciamento no Conselho Mexicano de Política Exterior foi o momento mais importante da visita de quatro dias do chefe de Estado alemão ao México. Cerca de 250 pessoas foram ao luxuoso Hotel Camino Real assistir ao discurso de Rau sobre uma nova ordem multilateral, seguido de um debate com o público. Em resposta à pergunta de um pacifista de 12 anos de idade, ele disse não acreditar que os Estados Unidos tenham atacado o Afeganistão por interesse em seu gás natural e derrubado o ditador do Iraque, Saddan Hussein, por causa dos poços de petróleo iraquianos.

No encontro com políticos mexicanos, diplomatas, catedráticos e muitos estudantes, o presidente alemão disse que "a hostilidade dos Estados Unidos não ajuda ninguém". Ele defendeu as instituições multilaterais e criticou a ação unilateral americana no Iraque, novamente sem citar o nome dos agressores - os EUA e seu maior aliado, o Reino Unido.

O terrorismo internacional e a propagação de armas de destruição em massa não se deixam combater de forma duradoura com meios militares, pregou Rau, acrescentando que o Iraque mostra como "é difícil decretar democracia de fora para dentro". A seguir, ele destacou que "nenhum pais deve ter direito a intervenção".

Melhor acesso aos mercados

- No encontro com o seu colega mexicano Vicente Fox, o presidente alemão pronunciou-se por melhor acesso de produtos dos países emergentes e em desenvolvimento aos mercados internacionais. Sobretudo as barreiras do comércio de produtos agrícolas devem ser reduzidas para aumentar as chances desses Estados, disse ele.

A Alemanha tem interesse em intensificar suas relações econômicas com o México e por isso o presidente Rau está acompanhado por uma grande delegação de empresários. A Alemanha é o terceiro parceiro comercial do México no mundo e o maior na União Européia.

Como acontece no Brasil, todas as grandes empresas alemãs, como Volkswagen, Siemens, Mercedes, Bosch e Bayer, estão representadas no México. Esta é, provavelmente, a última grande viagem do presidente Johannes Rau, antes de terminar o seu mandato em 2004.