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Presidente alemão prega políticas liberais para gerar emprego

Fernando Scheller15 de março de 2005

Horst Köhler afirma que governo e oposição devem se unir para fomentar crescimento econômico e criar novos postos de trabalho. E garante que a Alemanha vai superar a crise.

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Köhler: críticas e injeção de ânimoFoto: AP

O presidente da Alemanha, Horst Köhler, usou um discurso para 500 empresários e políticos do país, nesta terça-feira (15/03), em Berlim, para fazer um apelo ao governo e à oposição para a criação de uma "força-tarefa" para combater o desemprego recorde no país – 12,6%, o maior índice desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

O discurso de Köhler foi uma prévia para o encontro entre o chanceler alemão Gehard Schröder e líderes de partidos de oposição, na próxima quinta-feira (17/03), para discutir rumos para o desenvolvimento do país. Schröder, chefe de governo, está sob forte pressão. A principal exigência é a redução do desemprego, apontado em pesquisas com a população como o principal problema da Alemanha.

Gerhard Schröder SPD Parteitag
Schröder: "batata-quente" do desempregoFoto: AP

Diante do número alarmente de 5,2 milhões de desempregados, Köhler foi enfático e disse que não há mais tempo a perder: "Todo o tipo de reforma que possa evitar a perda ou garantir a criação de postos de trabalho deve ser feito. Tudo o que obstrui o caminho da geração de empregos e do crescimento deve ser evitado".

Köhler, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), foi apontado para a Presidência da Alemanha em maio do ano passado com a missão de dizer "a verdade" aos alemães sobre as reformas na economia do país. Embora o cargo de Köhler tenha um caráter cerimonial – e influência política bastante reduzida –, o presidente não tem fugido da discussão de temas controversos.

Uma receita contra a crise

Entre as práticas a serem adotadas ou reforçadas para a reversão do quadro de crise, segundo o presidente alemão, estão remédios típicos da receita neo-liberal: flexibilidade de contratos de trabalho, incentivo à competitividade, abertura de mercado, livre fixação de preços e taxa de câmbio estável. "Precisamos garantir o nível de vida (da população)", ressaltou.

Ele aproveitou o discurso desta terça-feira para elogiar algumas medidas adotadas por Gerhard Schröder, como um pacote que flexibilizou a contratação de funcionários e diminuiu a quantidade de benefícios sociais pagos pelo governo federal, que entrou em vigor em 2003. Entretanto, apesar de teoricamente ter ficado mais fácil criar postos de trabalho na Alemanha, a economia do país há anos estagna ou tem crescimento pífio.

Montagsdemonstration in Leipzig
Protesto de desempregados são comuns na AlemanhaFoto: AP

Por isso, disse Köhler, não há tempo para "paradas táticas nas reformas". "Nós não podemos parar para pensar nas eleições. Precisamos mostrar ao nosso povo que não desistimos". Ele também mandou um recado às empresas alemãs que estão investindo em outros países, dizendo que a capacidade da Alemanha de superar dificuldades não deve ser subestimada: "A maioria das empresas ganham com o Estado, mas não investem, porque não confiam na Alemanha. Vamos superar nossas fragilidades".

Segundo o presidente alemão, as reformas precisam continuar, e a eficiência precisa ser atingida especialmente no que se refere ao sistema de cobrança de tributos. "A Alemanha não é competitiva (neste setor)", afirmou ele, referindo-se a um ranking do Fórum Econômico Mundial sobre eficiência do sistema de impostos, que incluiu 104 países, e no qual a Alemanha ficou em último lugar. Um executivo alemão gasta, por ano, cerca de 230 horas (ou um mês inteiro de trabalho) para cumprir pedidos de estatísticas e informações do governo.

Diferentes reações

Bundesbankpräsident Axel Weber
Axel Weber, do Banco Central: descomplicar é bomFoto: AP

O discurso de Horst Köhler repercutiu bem no mercado financeiro, mas recebeu críticas de sindicalistas. O presidente do Banco Central alemão, Axel Weber, disse que o país precisa de uma reforma geral nas áreas de trabalho e tributos. Entretanto, o líder do sindicato de trabalhadores nas empresas metalúrgicas da Alemanha (IG Metall), Jürgen Peters, afirmou que as propostas de Köhler "não são construtivas" e seguem a "cartilha neoliberal".