1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Presidente alemão promove cultura da reconciliação em viagem à Colômbia

Tobias Käufer (ca)11 de maio de 2013

Em visita a Bogotá, Joachim Gauck, falou de questões que afligem a população colombiana – como o conflito civil com as Farc, que já dura décadas. O presidente alemão chega neste domingo ao Brasil.

https://p.dw.com/p/18WHp
Foto: picture-alliance/dpa

Logo no início de sua estada no país, o presidente alemão, Joachim Gauck, arrefeceu as expectativas em torno de sua visita. Ele disse que não estava ali para explicar aos colombianos como eles deveriam organizar a paz, declarou Gauck em Bogotá. Essa não seria sua tarefa, afirmou.

Mesmo assim, durante uma palestra na Universidade dos Andes, nesta sexta-feira (10/05), Gauck falou de duas questões centrais que afligem a população colombiana – uma sociedade abalada por um conflito armado de décadas. "Como a dignidade pode ser devolvida às vítimas, como se pode prestar reconhecimento a elas, como elas podem ser indenizadas?", perguntou o presidente alemão à plateia. "E como os culpados, os enganados, os espectadores e as vítimas podem ter êxito numa sociedade democrática?"

"Sem verdade, sem reconciliação"

Estas são perguntas com as quais muitos alemães foram confrontados após a reunificação em 1990. "Reprimir e esconder estavam fora de questão para os defensores de direitos civis e para a maioria dos alemães orientais", lembrou Gauck. O resgate da era Stasi na antiga Alemanha Oriental não pode ser comparado com a situação na Colômbia, constatou. "Aqui, as pessoas enfrentam outro tipo de inimizade mortal, é um processo muito mais complicado."

Joachim Gauck in Kolumbien
Joachim Gauck na Universidade dos AndesFoto: picture-alliance/dpa

Mas uma coisa é certa, disse Gauck: "Sem a verdade, nunca há uma reconciliação interna." A documentação pública da violência pode fazer com que aqueles que são responsáveis pela violência também sejam deslegitimados publicamente mesmo sem um julgamento, afirmou o presidente alemão.

Acesso a informações

Para Gauck, uma forma de reconciliação pode ser a cultura da lembrança: "A solução alemã era: reconciliação em vez de retaliação. Anistia em troca da verdade", lembrou. Com vista ao grande número de vítimas na Colômbia, não é possível, porém, "processar todas as pessoas que merecem ir a tribunal, então é importante que se abram ao menos os arquivos, que se criem programas de testemunho, para que a verdade venha à tona."

Os atos de violência do conflito armado devem ser documentados publicamente e acessíveis a todos. Somente assim será possível chegar a uma reconciliação sustentável, e então as vítimas irão perceber que estiveram no lado certo, e os criminosos irão reconhecer que fizeram algo de errado, disse Gauck. Ele chega ao Brasil neste domingo juntamente com sua companheira, Daniela Schadt.

Negociações de paz

Na Colômbia, o conflito armado entre grupos guerrilheiros de esquerda, paramilitares de direita e o Exército regular já provocou, nas últimas décadas, milhões de fugitivos internos e centenas de milhares de mortos. As atuais negociações de paz, que já duram meses, entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) – organização guerrilheira de orientação esquerdista – podem se tornar um marco na história do país, caso venham a ser bem-sucedidas.

Juan Manuel Santos und Joachim Gauck
Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e Joachim GauckFoto: Reuters

Acompanhadas mundialmente, as negociações de paz começaram em meados de outubro do ano passado em Oslo e, desde então, têm continuado em etapas em Havana. Os negociadores colombianos cogitaram a possibilidade de reconhecer as Farc como um partido político.

As Farc surgiram em 1964. Com cerca de 9.200 combatentes, elas formam a maior organização rebelde da América Latina. Ela é acusada de graves violações dos direitos humanos e foi classificada pela União Europeia como terrorista.