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Presidente da BASF do Brasil confia no futuro do país

Neusa Messias de Soliz18 de outubro de 2002

BASF vai concentrar no Brasil 85% de seus investimentos na América do Sul. Rolf-Dieter Acker não teme um governo de esquerda, pois este terá de curvar-se às realidades econômicas.

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Vista parcial do complexo da BASF em LudwigshafenFoto: AP

Um dos oradores na Conferência Ibero-Americana, realizada nesta sexta-feira (18), em Bonn, o presidente da BASF do Brasil, Rolf-Dieter Acker, manifestou sua confiança de que o Brasil retomará o caminho do crescimento e irá superar a atual crise. "Já enfrentamos várias crises nos 90 anos de nossa atuação na América Latina. Quem faz bem os negócios no Brasil assegura boas perspectivas", ressaltou em entrevista à DW-WORLD. As indústrias alemãs estabelecidas no Brasil consideram exagerada a crise de confiança que afeta o mercado financeiro, espantando os investidores estrangeiros. Ela seria de natureza "política", uma vez que os indicadores econômicos são sólidos e não justificam os cenários apocalípticos que alguns têm traçado.

"Nós partimos do princípio de que, mesmo após uma vitória de Lula nas urnas, a política econômica brasileira não irá mudar essencialmente", disse o presidente da subsidiária brasileira do maior grupo químico do mundo. O próximo governo não poderá opor-se a uma política fiscal equilibrada. Mesmo que a esquerda adquira um peso maior no Congresso, o centro é forte na Câmara e no Senado, o que irá equilibrar a correlação de forças, disse Acker, procurando desfazer temores infundados sobre o Brasil junto aos mais de 500 participantes da conferência. O que poderá haver é um atraso nas reformas, sendo a tributária a mais necessária e que mais interessa às empresas estrangeiras, castigadas por uma infinidade de impostos.

América Latina continua no foco da indústria química

Em sua exposição, o presidente da BASF do Brasil expôs que a América Latina continua no foco do interesse do conglomerado por ser um mercado com alta taxa de crescimento. O Brasil, por exemplo, é um dos maiores mercados de eletrodomésticos, geladeiras, máquinas de lavar ou fotocopiadoras; é também o único país onde todos os fabricantes de automóveis estão presentes com fábricas. Por sua importância como fornecedora de materiais, produtos seminanufaturados e substâncias químicas para acabamentos, a indústria química tem que marcar presença no pólo industrial do Mercosul. Pela dimensão do mercado brasileiro, ele irá concentrar 85% dos investimentos futuros da BASF na América do Sul. Entre 2001 e 2004, estão previstos investimentos de 500 milhões de euros na América do Sul, onde a indústria química faturou 2,8 bilhões de euros em 2001.

Parcerias

O montante não inclui os investimentos da Wintershall Energia S.A, empresa do grupo BASF que participa da exploração de jazidas de petróleo e gás, situadas a 90 quilômetros do litoral do Espírito Santo. O Dr. Acker elogiou a liberalização do mercado brasileiro e latino-americano, ressaltando que as empresas alemãs e os investidores estrangeiros em geral não aproveitaram todo esse potencial. Quanto à BASF, soube aproveitar a chance também no setor petroquímico, pois pretende construir, juntamente com a Petrobrás, uma fábrica de ácido acrílico e derivados no Estado de São Paulo - um investimento de 150 milhões de euros.

O executivo alemão está convencido de que em 2010 o mercado químico do Mercosul terá um volume de 110 bilhões de dólares, devendo superar o mercado alemão, que é o maior da Europa. "Estamos plenamente convictos de que a América Latina irá retomar, a longo prazo, o caminho do crescimento. Prevemos um crescimento de 4% ao ano para o mercado de produtos químicos no Mercosul.

Acordos comerciais

Rolf-Dieter Acker defendeu a rápida conclusão das negociações para a assinatura de um acordo de livre comércio do Mercosul com a União Européia e a formação da ALCA, a zona de livre comércio das Américas. Os governos de países do Mercosul deveriam ter em conta que esses projetos de integração são de longo prazo, não devendo ser implementados plenamente antes de 2015. Por isso, não se deveria adiar projetos tão importantes por dificuldades de caráter temporário. Como as duas negociações correm paralelamente, ele exigiu maior entrosamento para evitar que os concorrentes Estados Unidos e União Européia acabem acertando diferentes regras, datas, períodos de transição e padrões, o que causaria problemas para todas as empresas envolvidas. E conclamou o empresariado alemão a se engajar nas negociações comerciais da UE com o Mercosul, lembrando que o último catálogo de medidas para facilitar o comércio exterior dos dois blocos foi elaborado pelo MEBF (Mercosur/EU Business Forum), sendo aceito pelos chefes de Estado e governo no encontro de cúpula de Madri, em maio de 2002.