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Pressão do Vaticano faz bispo cancelar aconselhamento antiaborto

8 de março de 2002

Único bispado alemão que ainda aconselhava mulheres que pretendem interromper a gravidez cedeu à pressão do Papa. Em plebiscito na Irlanda, foi rejeitada proposta do governo para tornar lei antiaborto mais rigorosa .

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A resistência ao Vaticano do bispo Franz Kamphaus, de Limburg, próximo a Frankfurt, durou mais de um ano. No início de janeiro do ano passado, os demais 27 bispos católicos da Alemanha haviam atendido a um apelo do Papa e acabaram com o aconselhamento às gestantes que pretendiam abortar.

Na Alemanha, o aborto é permitido, desde que realizado nos primeiros três meses de gestação e somente após uma conversa em escritórios especiais mantidos agora apenas por paróquias protestantes, médicos credenciados e outras iniciativas.

Embora seja apenas uma confirmação de que participou do aconselhamento, não revelando a decisão tomada pela mulher, a certidão expedida ao final desta conversa era o pomo da discórdia pelo Vaticano. Mas, sem o papel, a mulher não pode abortar.

Numa carta pessoal do Papa João Paulo Segundo ao bispo alemão, nesta quinta-feira (7), o Santo Padre escreveu que respeita o conflito interno de Kamphaus, mas não pode permitir que o aconselhamento continue.

Ao mesmo tempo, destacou seu desejo de que o religioso prossiga seu trabalho no bispado de Limburg. Nesta sexta-feira, Kamphaus anunciou que atenderá às ordens do Vaticano.

Irlandeses não querem endurecer lei antiaborto

No terceiro plebiscito sobre o aborto realizado na Irlanda num espaço de 20 anos, os irlandeses votaram contra a proposta do governo, que pretendia restringir ainda mais a já rígida lei antiaborto. A interrupção da gravidez é ilegal na Irlanda desde 1861, exceto se a saúde da mulher estiver em risco.

Em 1992, a Corte Superior de Justiça de Dublin havia decidido a favor de uma garota de 14 anos, que pretendia se suicidar depois de ter engravidado num estupro. O plebiscito desta quarta-feira (6) pretendia uma alteração constitucional, proibindo o argumento de que a ameaça de suicídio justifica o aborto.

A votação foi marcada pelo baixo comparecimento dos eleitores às urnas e demonstrou claramente as diferenças entre campo e cidade. Na área rural, concentraram-se os defensores do projeto do governo. Apenas 43,6% dos 2,8 milhões de votantes entregaram seu voto: 50,4% contra e 49,5% a favor.

A católica Irlanda é o único entre os 15 países da União Européia onde a interrupção da gravidez não é permitida. Calcula-se em sete mil ao ano o número de irlandesas que faz aborto na vizinha Grã-Bretanha. (rw)