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Pressionado, presidente do México apresenta plano contra crime organizado

28 de novembro de 2014

Alvo de críticas após desaparecimento de 43 estudantes, Peña Nieto propõe ações para combater corrupção e impunidade. Medidas incluem eliminar polícias municipais e programa de desenvolvimento do sul do país.

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Foto: Getty Images/A. Estrella

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, anunciou nesta quinta-feira (28/11) um plano de ação para combater a corrupção e a impunidade em reação ao desaparecimento de 43 estudantes no estado de Guerrero, no sul do país. O incidente, ocorrido há dois meses, provocou uma onda de protestos e críticas ao governo e a sua estratégia de segurança.

"O grito de 'Todos somos Ayotzinapa' é um chamado para seguir transformando o México", disse Peña Nieto, referindo-se à desaparição dos 43 alunos de uma escola de magistério dessa localidade, próxima a Iguala.

"Assumo a responsabilidade de encabeçar todos os esforços necessários para livrar o México da criminalidade, para combater a corrupção e a impunidade, em suma, para construir um Estado de direito", disse o presidente num ato no Palácio Nacional. Ele afirmou que apresentará seu plano ao Congresso na próxima quinta-feira.

Algumas das medidas anunciadas, várias delas sujeitas à aprovação do Legislativo, são novas e outras já haviam sido apresentadas anteriormente, porém não foram colocadas em prática. Uma delas é a proposta de unificar as polícias dos 31 estados mexicanos, eliminando cerca de 1.800 corpos policiais municipais.

Mais tarde, Miguel Ángel Osorio, secretário do Interior do México, disse que as primeiras polícias únicas seriam criadas nos quatro estados com maiores problemas de segurança, o que levaria cerca de um ano e meio. No restante do país, os corpos policiais seriam constituídos de maneira gradual.

Entre as ações propostas por Peña Nieto para melhorar o sistema de justiça e segurança também está um projeto de "lei contra a infiltração do crime organizado nas autoridades municipais". A medida permitiria a intervenção a partir do poder federal e a dissolução de prefeituras quando se verifique cumplicidade com o crime organizado.

De acordo com as investigações, os 43 estudantes desaparecidos no dia 26 de setembro em Iguala, no estado de Guerrero, teriam sido perseguidos por policiais municipais por ordem do prefeito da cidade – atualmente preso – e depois entregues a um grupo criminoso.

Mexiko Demonstration in Acapulco gegen Ermordung der 43 Studenten Plakat
Desaparecimento de 43 estudantes provocou uma onda de protestos e críticas ao governoFoto: AFP/Getty Images/R. Schemidt

Além de combater o crime organizado, as medidas propostas pelo presidente mexicano também tem o objetivo de acabar com a desigualdade do país, onde o norte é rico e o sul, cada vez mais pobre e violento. Os estados a serem beneficiados pelo programa de desenvolvimento são Guerrero, Oaxaca e Chiapas.

"Depois de Iguala, o México precisa mudar", reiterou Peña Nieto. "O México precisa de soluções corajosas e firmes, e esta é uma delas."

Milhares de mortos

Nesta quinta-feira, 11 corpos decapitados foram encontrados à beira de uma estrada no estado de Guerrero. As vítimas eram homens, estavam parcialmente queimadas e tinham marcas de tiros, segundo as autoridades.

O crime ocorreu em Chilapa, localidade próxima à escola rural de Ayotzinapa, onde os 43 jovens desaparecidos estudavam. O estado de Guerrero é um dos mais pobres do país. Ali se enfrentam dois grupos criminosos, Los Rojos e Los Ardillos, ambos derivados do antes poderoso cartel dos Beltrán Levya e que levaram a violência no estado a níveis sem precedentes.

Em todo o México, mais de 100 mil pessoas foram mortas desde o fim de 2006, quando o então presidente Felipe Calderón lançou uma campanha contra os cartéis de drogas, que se fragmentaram à medida que seus líderes caíram e elevaram a espiral de violência.

Cerca de 30 mil desses homicídios foram registrados durante a administração Peña Nieto, que havia prometido controlar a violência herdada do antecessor. O desaparecimento dos 43 estudantes deixou o presidente num dos momentos mais críticos de seu governo, iniciado em 2012.

LPF/rtr/dpa