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Prevenir é melhor do que remediar nas finanças européias

Julia Elvers-Guyot (rw)30 de novembro de 2005

Banco Central Europeu deve aumentar sua taxa de juros, alterada pela última vez em junho de 2003. Medida do BCE objetiva frear o perigo de inflação e garantir a estabilidade de preços. Críticas e elogios de economistas.

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Mudanças à vista na taxa de juros do BCEFoto: dpa

A era dos juros baixos na Europa pode terminar na reunião do conselho do Banco Central Europeu (BCE), nesta quinta-feira (1/12), em Frankfurt. O presidente do BCE, Jean Claude Trichet, já havia anunciado no último dia 18 de novembro a possibilidade de aumento da taxa básica de juros (main refinancing operations).

Jean-Claude Trichet
Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central EuropeuFoto: AP

Trichet justificou a alta da taxa de refinanciamento bancário com o perigo de inflação na zona do euro. A disparada dos preços do petróleo fez com que o índice de preços nesses países atingisse 2,6% em setembro e 2,5% em outubro, superando assim os 2% definidos como critério de estabilidade pelo BCE.

"Prevenir é melhor do que remediar", justificou Trichet. Já o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, havia dito que considera "inútil" o aumento dos juros pelos europeus.

Aumento previsto é de 0,25%

As taxas-guia de mercado são os instrumentos usados pelo BCE para ganratir a estabilidade da moeda européia, o euro. Importantes taxas-guias de referência são ainda o Refis (Programa de Refinanciamento de dívidas federais) do BCE e a taxa básica de juros (federal funds rate) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

Enquanto o Fed aumentou pouco a pouco, desde meados de 2004, sua taxa de juros de 1% para 4%, o BCE manteve sua taxa constante em 2% desde junho de 2003. "Nos Estados Unidos, a inflação de mais de 4% justifica juros altos", observa Carsten Fritsch, perito do Commerzbank. Analistas calculam que o aumento a ser anunciado pelo BCE será de 0,25%.

Medida controversa

Os ministros das Finanças dos países que adotaram o euro como moeda comum já reclamam. O francês Thierry Breton chega até a duvidar da necessidade de um aumento. "Não vejo perigo de que a inflação cresça na França ou na zona do euro", disse Breton durante um debate sobre o orçamento público francês em Paris.

Euro Skulptur in Frankfurt vor der EZB
Sede do BCE em FrankfurtFoto: dpa

Trichet tem outra opinião. Para ele, o BCE está apenas advertindo, e não semeando pânico. Às críticas de muitos políticos de que o aumento dos juros ameaça a recuperação da conjuntura, ele responde: "Os cidadãos esperam que o Banco Central Europeu garanta a estabilidade de preços. Manter esta estabilidade significa garantir confiança, que por seu lado é necessária para acelerar o crescimento e a criação de postos de trabalho".

Já a grande maioria dos economistas não vê no aumento motivo para preocupação, segundo uma pesquisa de opinião realizada pela agência de notícias Reuters. "O nível dos juros atingiu uma baixa histórica, mas mesmo assim há pouco consumo e poucos investimentos na Eurolândia", observa Marius Gero Daheim, analista do banco WestLB.

Segundo ele, essa fraqueza estrutural no consumo – que ele atribui, entre outros fatores, ao envelhecimento da sociedade e à globalização – seria um argumento contra uma alta mais expressiva dos juros pelo BCE.

Outros aumentos em vista

Embora Trichet tenha dito na semana passada que ao aumento desta quinta-feira não necessariamente se seguirão outros, analistas questionados pela Reuters acreditam que até setembro de 2006 a taxa básica de juros do BCE deve chegar a 2,75%.

A expectativa do analista do WestLB é que, após o aumento desta quinta-feira, aconteça um leve declínio na conjuntura. "Mas se as condições de crescimento da economia global não piorarem de forma substancial, acredito que deve prosseguir o moderado crescimento da economia na zona do euro", projeta Daheim.