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Previsões econômicas ofuscam eleição de Schröder

Neusa Soliz23 de outubro de 2002

O segundo governo de Gerhard Schröder não parece estar sob uma boa estrela: o crescimento econômico será de apenas 0,4% este ano, segundo institutos econômicos que assessoram Berlim.

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Ministro das Finanças, Hans Eichel, calcula déficit deste ano entre 3,3% e 3,5%Foto: AP

Nem bem o novo governo alemão tomou posse e o social-democrata Gerhard Schröder foi reeleito como chanceler federal ficou evidente que terão um grande desafio pela frente na legislatura iniciada esta semana. Os seis principais institutos de pesquisas econômicas, apelidados de "os seis sábios" apresentaram nesta terça-feira (22/10) seu prognóstico de outono, confirmando as previsões nada otimistas já divulgadas pela Federação dos Bancos Alemães e entidades representativas da iniciativa privada e do empresariado.

Para a líder da oposição democrata-cristã, Angela Merkel, Schröder teve "o pior início possível" de seu segundo mandato. A entrega de um relatório tão sombrio no dia de sua reeleição seria o mesmo que "uma bofetada para o chanceler", disse Merkel.

Conjuntura, crescimento e Pacto de Estabilidade

A maioria dos institutos conta com um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de apenas 0,4% este ano e de 1,4% em 2003. Assim, corrigiram para baixo as previsões anteriores, do início do ano, de 0,9% e 2,4%, respectivamente. Segundo os economistas, as medidas de política fiscal e financeira do governo de coalizão social-democrata e verde, criticadas como contraproducentes, custarão meio ponto percentual de crescimento econômico.

O governo deve se concentrar em incentivar a conjuntura e combater o desemprego, segundo os institutos. Também seria necessário fazer alterações no orçamento, de forma a reduzir os gastos, mas aumentar os investimentos. Imprescindível seria impor reformas sociais. O desemprego deve aumentar para 4,1 milhões em média, este ano.

A Alemanha conseguirá preencher todos os critérios do Pacto de Estabilidade em 2003, avaliam os seis institutos, quando seu déficit orçamentário deverá ficar em torno de 1,9%. Para este ano, porém, contam com um déficit de 3,2% do PIB, superior, portanto, ao limite de 3%.

Hans Eichel acabou com sua boa fama

Ao que tudo indica, o déficit orçamentário alemão é maior do que se esperava. O ministro das Finanças, Hans Eichel, calcula entre 3,3% e 3,5% de déficit este ano. Mas círculos próximos à Comissão Européia já se referem a 3,7% do PIB. Seja como for, o ministro das Finanças começa o segundo mandato sob maus augúrios, vendo arruinada a sua fama de bom guardião dos cofres públicos, que conseguira na gestão anterior, com sua política de contenção de gastos e aperto geral de cintos.

Agora, ao mesmo tempo em que frisa a importância de consolidar o orçamento, não consegue evitar um aumento das novas dívidas a serem contraídas para tapar o buraco deste ano. Eichel terá que encaminhar ao Parlamento um orçamento complementar, que provavelmente elevará o novo endividamento a mais de 30 bilhões de euros. Assim, Hans Eichel corre o risco de ter acrescentado a seu currículo a mácula de haver feito um orçamento inconstitucional. Pelo artigo 115 da Constituição alemã, as novas dívidas não podem ultrapassar a soma dos investimentos previstos no orçamento. Com a entrada do novo "curinga" no gabinete, o superministro Wolfgang Clement, que responderá pela Economia e o Trabalho, Eichel desce alguns degraus na hierarquia do governo.

Prodi na contramão

Enquanto isso, o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi tornou a defender sua reivindicação de uma aplicação mais flexível das regras do Pacto de Estabilidade, diante das dificuldades enfrentadas por Portugal, Alemanha, França e Itália. Com isso colocou mais lenha no fogo das discussões. Prodi, porém, parece estar sozinho com sua posição na UE.

O comissário das Finanças da UE, Pedro Solbes, fez questão de dizer que os países da zona do euro dispõem de margem de ação suficiente para praticar uma política financeira conforme com a estabilidade do euro. Prodi foi criticado, na Alemanha, pela União Democrata-Cristã (CDU), maior partido de oposição, e a Federação dos Bancos Alemães. Enquanto elas advertiram para não se minar o pacto, afrouxando os critérios, a Federação dos Sindicatos Alemães (DGB), por sua vez, exigiu a sua reformulação.