1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Proibição de marcha em Dresden divide políticos

20 de janeiro de 2015

Segundo imprensa alemã, há quem considere decisão de cancelar protestos na capital da Saxônia "infeliz" e infundada. Polícia reitera necessidade de suspensão devido a ameaças.

https://p.dw.com/p/1ENOF
Foto: picture-alliance/dpa/Hendrik Schmidt

A proibição de manifestações pró e contra o movimento "anti-islamização" Pegida em Dresden na segunda-feira (19/01) desagradou alguns políticos alemães, segundo reporta a imprensa do país.

De acordo com reportagens de emissoras de televisão e do jornal Süddeutsche Zeitung, fontes governamentais em Berlim disseram que a Saxônia, estado onde Dresden está localizada, deu à situação uma dimensão maior do que a necessária.

Um alto funcionário de segurança teria classificado o cancelamento de todas as manifestações na segunda-feira como uma "decisão infeliz". E o ex-presidente do Tribunal Constitucional Federal, Hans-Jürgen Papier, advertiu que a proibição de manifestações não pode ser uma "solução definitiva".

O Partido Verde também criticou a proibição das manifestações. Uma suspensão assim deve ser uma exceção, disse a líder do partido, Simone Peter, ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung.

"Nossa sociedade aberta não pode se curvar a ameaças de violência", afirmou. Ela pediu que polícia e autoridades garantissem um ambiente seguro para que o direito de protestar possa ser exercido a partir da semana que vem.

Numa reunião, o ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, teria dito haver indícios de uma ameaça de ataque terrorista na cidade, motivando a proibição. No entanto, ele não especificou se considerava a ameaça abstrata ou concreta.

Para Holger Schmidt, especialista em terrorismo da emissora pública alemã ARD, houve exagero na reação das autoridades de Dresden. Ele aponta que havia evidências de ameaças a manifestações do Pegida já antes dos atentados de Paris. Mesmo assim, afirma, tais manifestações aconteceram sem que tenha ocorrido qualquer coisa.

Merkel defende liberdade de protestar

O ministro do Interior da Saxônia, Markus Ulbig, também teria citado informações de um serviço de inteligência estrangeiro sobre uma possível tentativa de assassinar o líder do Pegida. De acordo com a mídia, não está claro, porém, qual é a origem dessa informação de inteligência.

O sindicato da polícia alemã defendeu a proibição desta segunda-feira em Dresden. "Não podemos divulgar todas as fontes de informação, mas a decisão foi absolutamente acertada", disse o líder sindical Rainer Wendt ao diário Passauer Neue Presse. No entanto, ele ressaltou que a proibição deveria ser uma exceção.

O especialista em terrorismo Andreas Armborst, da Universidade de Leeds, diz que a segurança total não é possível numa sociedade aberta. Segundo ele, é difícil se proteger contra atentados como os de Paris.

"Enquanto houver terroristas dispostos a praticar tais ações, eles vão sempre encontrar numa sociedade livre a possibilidade de executar um atentado", afirma Armborst.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, também destacou a importância do direito fundamental à liberdade de protestar. Este é um "bem precioso", que precisa ser protegido, argumentou.

PV/dpa/afp