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Unindo migrantes, valões e flamengos

14 de janeiro de 2008

O breXpat, da Fundação Rei Baudouin, apóia parceiros e organizações a promover a integração entre as diferentes comunidades da capital belga. Um modelo de convivência para o país dividido entre duas etnias.

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Belgas se manifestam pela unidade do paísFoto: picture-alliance/ dpa

Seria justo esperar que Bruxelas fosse um cadinho de integração e interação social, devido à sua mistura de flamengos e francófonos, sem falar em seu grande número de imigrantes. Contudo as coisas nem sempre são como parecem. Na capital belga, a comunidade internacional opera dentro de sua zona delimitada, enquanto a vida dos locais segue paralelamente à dos distantes estrangeiros.

Projeto breXpat

A Fundação Rei Baudouin foi criada para mudar este estado de coisas. Criada em 1976, quando Baudouin 1º celebrava seu 25º ano como rei da Bélgica, a fundação independente de utilidade pública tem como missão melhorar as condições de vida para a população belga.

Ela defende os valores do soberano agora falecido: justiça, democracia e respeito à diversidade. Para tal, tem apoiado projetos e cidadãos empenhados em criar uma sociedade melhor, através de uma série de estratégias externas e internas de financiamento.

A idéia mais recente da Fundação Rei Baudouin chama-se "breXpat" e visa aproximar a comunidade internacional da população local. O projeto piloto começa a dar frutos, e sua segunda edição, o breXpat II, já se prepara para o lançamento.

"Um país de verdade"

"Os contatos entre estrangeiros e locais são em geral limitados ou não existentes, devido a diversas razões, como a permanência temporária dos migrantes, as barreiras lingüísticas e a defasagem financeira", observou Nosheen Shakil, coordenador do projeto.

"Com breXpat esperamos dar partida a iniciativas que preencham esta lacuna. Deste modo, os bruxelenses descobrirão o valor adicional que é viver na Capital da Europa e os migrantes se sentirão menos isolados, desenvolvendo a sensação de viver num país de verdade, e não numa ilha de expatriados."

O projeto foi lançado em março de 2007, com um apelo a organizações das regiões de Bruxelas, Brabante Flamengo e Brabante Valão (francófono) para que apresentassem seus pedidos de apoio financeiro. Um júri independente decidiu quanto ao valor de 18 projetos, envolvendo sempre um parceiro estrangeiro e um bruxelense. As verbas distribuídas, de até 5 mil euros, destinam-se a custos de organização e promoção.

Mau exemplo parisiense

Um dos selecionados foi o Brussels Celtic Rugby Club. Formado em 1998, o clube se propôs criar um time de imigrantes irlandeses com um elemento real e tangivelmente belga. Atualmente inclui afiliados de 25 nacionalidades, porém a ampliação exigiu muito de seus recursos financeiros.

O secretário do clube, Graham Edwards, afirma que todos os tipos de esportes, em especial o rugby, servem a promover de forma eficiente o entendimento entre diferentes nacionalidades e culturas. "Acreditamos que nossa identidade e nossa atmosfera, únicas e extremamente sociais, são prova do êxito de nosso modelo e a razão para nosso sucesso crescente", elogiou.

Edwards também aposta na importância da comunicação entre as comunidades internacional e local em Bruxelas e arredores, com o fim de manter o tecido da sociedade civil. "Basta visitar os banlieues de Paris para ver o que pode acontecer quando as culturas não se integram, apesar de viverem juntas", lamentou.

Modelo de convivência entre flamengos e valões

A Galeria Gabrichidze de Bruxelas também expandiu o seu alcance, graças ao patrocínio da iniciativa breXpat. Ela organiza exposições internacionais tanto para as comunidades valonas e flamengas como para os imigrantes. Além disso, organiza oficinas para discutir problemas da migração, a adaptação à vida belga e a forma de lidar com a burocracia local.

Suas metas a curto prazo são lançar um curso de línguas e uma noite para artistas amadores. Segundo Olena Omelchenko, co-fundadora da galeria: "Nossa intenção é unir as diferentes comunidades sob um mesmo teto, tendo a criatividade como ferramenta. Graças ao apoio da Fundação Rei Baudouin, podemos agora nos concentrar em executar nossos projetos, sem nos preocupar em ter lucros para cobrir nossos prejuízos."

Omelchenko afirma que, se Bruxelas pretende manter seu papel como capital da vida política e social da Europa, é preciso haver maior harmonia entre locais e migrantes, constituindo uma matriz para o resto do país. "Se a Bélgica deseja se manter unida, então flamengos e valões têm que dar um jeito de conviver. É importante aproximar as pessoas e combater os fatores negativos que as separam." (na/av)