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Prolongada missão alemã no Sudão

27 de abril de 2007

Soldados alemães continuarão estacionados naquele país africano como parte da missão de paz das Nações Unidas, a UNMIS. Apesar de esperada, a decisão é controvertida.

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Soldado alemão confraterniza com forças sul-sudanesasFoto: Bundeswehr

O Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) aprovou com grande maioria a prorrogação do mandato da Bundeswehr no Sudão. Com isso, um contingente de, no máximo, 75 soldados alemães continuará estacionado por mais seis meses naquele país africano como parte da missão de paz das Nações Unidas, UNMIS, cujo contingente total perfaz 600 homens não armados.

A aprovação do Bundestag já era esperada e somente o Partido de Esquerda votou contra. A Alemanha participa desde abril de 2005 das tropas encarregadas de supervisionar o acordo de paz entre o governo sudanês e o sul do país, que luta pela independência.

Elogios

UNMIS im Südsudan
A carência é grande no SudãoFoto: UNMIS/Fred Noy

Um porta-voz do comando da missão da Bundeswehr em Potsdam classificou a participação da Alemanha na UNMIS como "importante e apropriada". "Houve grandes progressos no sul do Sudão." Embora haja choques ocasionais, a situação é "tranqüila e estável", comentou.

"É importante apoiarmos o processo de paz no sul do Sudão", declarou um representante do Partido Social Democrata (SPD), Gert Weisskirchen. "Apesar de seus meios modestos, a missão é mais do que simbólica", afirmou, pois através dela o governo alemão demonstra a Cartum que leva muito a sério o que se passa no país, e que espera o cumprimento do acordo de paz. A atual mobilização de 40 homens custa a Berlim 800 mil euros.

Tropas-óvni

Em contrapartida, o especialista em assuntos sudaneses Stefan Kröpelin, da Universidade de Colônia, considera "extremamente negativa" a relação custo-benefício. "Os acampamentos da UNMIS se destacam da paisagem, estranhos como óvnis. Os soldados ficam isolados atrás de maciças cercas de arame farpado e quase nunca circulam pelo país." Além disso, pessoal e material seriam transportados quase exclusivamente por avião ou helicóptero.

O enorme investimento financeiro e logístico é totalmente sem sentido, prossegue Kröpelin. Afinal, a UNMIS não consegue mesmo evitar os atos de violência por parte das milícias, que continuam, em parte, ativas.

Mudawi Ibrahim Adam, ativista dos direitos humanos no Sudão, concorda com este ponto de vista. "Precisamos apenas de uma pequena tropa, e seria melhor aplicar o dinheiro no desenvolvimento." Até agora, o povo ainda não pôde se beneficiar da paz, pela falta de água e medidas de saúde, entre outras carências, criticou Adam.

Esperança para o sul

UNMIS im Südsudan
Soldados de Bangladesh na UNMISFoto: UNMIS/John Charles

O acordo entre a organização separatista SPLM e o governo sudanês deu fim em 2005 a uma guerra que custara 2 milhões de vidas desde 1983, trazendo a paz ao sul do país. Entretanto, os conflitos continuam na região de crise Darfur, no oeste, da qual a Bundeswehr se mantém afastada.

O chefe de governo do sul sudanês é agora também vice-presidente do governo central em Cartum. Agora a metade dos lucros da extração de petróleo deverá fluir para o longamente negligenciado sul, onde vive um quarto da população sudanesa, estimada em 40 milhões de habitantes. Em 2011, os cidadãos do sul votarão sobre sua autonomia em relação ao restante do maior país africano. (ds/av)