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Fim de caso

23 de agosto de 2011

Juiz deve aceitar recomendação da promotoria, que justifica o pedido afirmando que os depoimentos da camareira são contraditórios e mentirosos. Strauss-Kahn era acusado de ter abusado sexualmente da funcionária.

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Dominique Strauss-Kahn e sua esposa, Anne Sinclair
Dominique Strauss-Kahn e sua esposa, Anne SinclairFoto: dapd

Promotores de Manhattan recomendaram à Justiça norte-americana, na noite desta segunda-feira (22/08), que retire as acusações contra o ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn. Ele havia sido indiciado por abuso sexual contra a camareira Nafissatou Diallo. O crime teria ocorrido na suíte de luxo do hotel Sofitel, em Nova York, no dia 14 de maio.

"A queixosa faltou com a verdade de forma persistente e, em alguns casos, de forma inexplicável ao descrever tanto questões de grande como de pequena importância", diz o documento de 25 páginas assinado pelos promotores. "Em repetidas entrevistas com ela, a verdade completa sobre o incidente que levou à acusação e sobre o seu passado continua, por este motivo, elusiva."

A expectativa é que o juiz do caso aceite a recomendação dos promotores. Segundo os responsáveis pela acusação contra Strauss-Kahn, já que não acreditam que a camareira esteja dizendo a verdade, eles não podem pedir ao júri que o faça. O documento diz que Diallo chegou a contar três versões diferentes de detalhes importantes do caso.

Ato forçado ou não?

Apesar de haver dúvidas sobre a versão de Nafissatou Diallo, os promotores não contestam a ocorrência do ato sexual entre a camareira guineana e Strauss-Kahn. Não há, porém, prova de que o ato tenha sido forçado, apenas o testemunho da camareira.

Testes de DNA "estabeleceram que vários pontos localizados na parte superior do uniforme da funcionária do hotel tinham esperma correspondente ao DNA do acusado", diz o promotor Cyrus Vance.

Testes forenses feitos logo após a prisão do francês indicaram que a relação teria sido muito rápida, sugerindo que o ato havia sido forçado. O caso foi logo trazido aos tribunais, já que a versão da vítima parecia coerente e, naquele momento, não existiam indícios que levantassem suspeita sobre o passado de Diallo.

No entanto, a acusação caiu por terra devido às informações falsas que a camareira prestou, dizem os promotores. Além de alguns resultados ambíguos das investigações médicas e forenses, foram surgindo contradições sobre a vida prévia de Diallo – como grandes quantias depositadas em sua conta bancária.

Além disso, a camareira não quis admitir uma conversa telefônica que teve com um amigo um dia após a provável agressão, em que se referia à fortuna de Strauss-Kahn. O conteúdo da chamada, no entanto, está registrado.

Liberdade

É esperado que Strauss-Kahn, 62 anos, receba já nesta terça-feira o seu passaporte de volta e possa retornar à França como homem livre. Em seu país, no entanto, o ex-chefe do FMI deve enfrentar um novo processo, no qual também é acusado de abuso sexual.

O francês, que concorreria pelo Partido Socialista como o principal adversário de Nicolas Sarkozy nas eleições presidenciais, não deve retornar à vida política de imediato. Apesar da grande probabilidade de arquivamento do caso contra ele em Nova York, a imagem de Strauss-Kahn encontra-se inevitavelmente prejudicada, dizem observadores políticos.

Líderes do Partido Socialista também não devem aceitar o ex-colega de volta à corrida presidencial. "A imagem pública de Strauss-Kahn está muito deteriorada e o partido e seus líderes devem estar muito bravos por ele ter perdido esse momento de oportunidade. Nem o público nem o partido querem que ele volte à linha de frente", opina Gerard Grunberg, cientista político da universidade Sciences-Po, em Paris.

NP/rts/dpa/lusa/afp
Revisão: Alexandre Schossler