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Protesto antigoverno une grupos étnicos na Macedônia

Boris Georgievski, de Skopje (pv) 17 de maio de 2015

Milhares de pessoas saem às ruas na capital Skopje para pedir a renúncia do primeiro-ministro do país, Nikola Gruevski, após escândalo de espionagem. Premiê, no entanto, promete marcha maior favorável ao governo.

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Foto: Reuters/M. Djurica

Depois de meses de uma profunda crise política criada após revelações feitas pela oposição – de escutas telefônicas contra jornalistas e autoridades judiciais – destinadas a mostrar a corrupção generalizada e o abuso de poder por parte do governo conservador, milhares de pessoas saíram às ruas na Macedônia em uma rara demonstração de unidade étnica.

Na capital Skopje, aproximadamente 20 mil pessoas protestaram contra o primeiro-ministro nacionalista Nikola Gruevski, levando bandeiras macedônias, albanesas e de outras comunidades étnicas.

"Gruevski conseguiu algo que nenhum ouro político macedônio conseguiu nos últimos 24 anos de independência da Macedônia" disse um manifestante à DW. "Ele uniu o povo contra ele."

Um pedido por democracia

As pessoas vieram de todas as partes do país para expressarem o descontentamento com Gruevski e o governo. Também houve diversos relatos de manifestantes sendo barrados pela polícia e não autorizados a aderir ao protesto, que teve a participação de alguns políticos regionais e europeus.

"Muitas pessoas não estão aqui para apoiar um partido político, mas para mostrar que eles querem mais democracia", disse o membro britânico do Parlamento Europeu Richar Howitt à DW.

Desde o início de março, o líder da oposição social-democrata, Zoran Zaev, tem divulgado conversas gravadas e outros materiais que sugerem que Gruevski e o governo tenham realizado escutas telefônicas em massa, além de práticas generalizadas de corrupção e interferência no sistema judicial e dos meios de comunicação.

Massendemonstration der Opposition zum Sturz der Regierung in Mazedonien (Zoran Zaev)
O social-democrata Zoran Zaev, líder da oposição, discursa em frente a um telão durante os protestos em SkopjeFoto: Reuters/O. Teofilovski

"Estes protestos já tinham passado da hora. Este governo não tem o mandato dos cidadãos para transformar o país numa ditadura, mas tem feito exatamente isso durante os últimos nove anos", disse Katica Kjulavkova, uma famosa escritora e membro da Academia de Ciências da Macedônia.

No sábado, Gruevski disse que não tem nenhuma intenção em renunciar ou aceitar um governo de transição. Ele também está planejando uma marcha na segunda-feira, visando demonstrar o apoio público ao governo macedônio. A mídia pró-governo no país relatou que "100 mil pessoas estão mobilizadas para defender ferozmente os interesses nacionais e estaduais".

Por outro lado, o líder da oposição Zaev também afirmou que não recuará. "Não voltaremos para casa até que Gruevski tenha renunciado", disse. "Cerca de 6.600 ativistas decidiram por conta própria dormir em frente ao prédio do governo e continuar o protesto."

Muitos manifestantes carregaram fotos mostrando Gruevski e outros ministros do governo como criminosos e futuros prisioneiros. Os protestos foram pacíficos e muitos garantem que eles continuarão desta maneira.

"Não temos armas, apenas flores e livros", disse Maida Ahmeti, da organização estudantil que apoio os protestos em Skopje.

Cenário político dividido

A cena política macedônia se encontra profundamente dividida desde a independência, em 1991. De um lado, estão os apoiadores do conservador e nacionalista Partido Democrático pela Unidade Nacional Macedônia (VMRO), e do outro os adeptos da União Social-Democrata da Macedônia (SDSM), sucessor do antigo Partido Comunista.

Numa tentativa de aplacar a tensão gerada pelo escândalo de espionagem, Gruevski demitiu três aliados próximos, considerados a espinha dorsal de seu governo, iniciado em 2006: o ministro do Interior, Gordana Jankuloska; o ministro do Transporte, Mile Janakieski; e o chefe do serviço secreto e seu primo, Saso Mijalkov, tido como uma das figuras mais poderosas do país.

Para os opositores, que boicotam o Parlamento desde as eleições de 2014, as quais consideram fraudulentas, as demissões não são suficientes. Eles querem o estabelecimento de um governo interino, a renúncia de Gruevski e a organização de um novo pleito.