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Protestos no Egito contra sentença de Mubarak

3 de junho de 2012

Numerosos manifestantes passaram a noite na Praça Tahrir, no Cairo. Sua ira se dirige contra a prisão perpétua para o ex-presidente: um veredicto brando demais para o responsável por mais de 800 mortes.

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Foto: Reuters

Manifestantes seguem ocupando neste domingo (03/06) a Praça Tahrir, no centro da capital egípcia. Eles protestam contra as sentenças referentes ao ex-presidente Hosni Mubarak e outras autoridades de alto escalão. Houve manifestações também nas cidades de Alexandria e Suez.

Após dez meses de processo, na véspera o tribunal reunido numa academia de polícia nos arredores do Cairo condenara o ditador e seu antigo ministro do Interior, Habib al Adli, à prisão perpétua. Assim ficou confirmada a cumplicidade de ambos na morte de mais de 800 oposicionistas, durante a revolta popular que o forçou a renunciar ao poder, no início de 2011.

Hosni Mubarak e seus dois filhos, Gamal e Alaa, foram absolvidos de acusações de corrupção, e diversos oficiais da polícia inocentados de homicídio. Observadores da área jurídica não excluem que venham a ser apresentadas novas ações contra o ex-presidente de 84 anos.

Alaa (esq.) e Gamal Mubarak no Cairo
Alaa (esq.) e Gamal Mubarak no julgamentoFoto: AP

Em seguida ao anúncio das sentenças, os advogados das vítimas bradaram "Inválida, inválida!". Na sala do tribunal e diante do prédio houve pancadarias e tumultos, em que 24 pessoas ficaram feridas, segundo a mídia estatal. Entretanto alguns adversários de Mubarak também partiram para as ruas, em júbilo pelo resultado do julgamento.

Sem culpa individual

O que possivelmente mais encoleriza os manifestantes da Praça Tahrir é o fato de nenhum indivíduo ter sido responsabilizado pelas mortes. Estas ocorreram durante a violenta repressão no início dos 18 dias de insurgência. Entretanto, muitos dos oposicionistas também ressentiram o fato de Mubarak ter escapado da pena de morte.

A decisão do tribunal no Cairo foi pronunciada num momento delicado para a política do Egito: a apenas duas semanas do segundo turno da eleição presidencial no país.

Entre os líderes políticos que participaram das manifestações na Praça Tahrir, estava Mohammed Morsi, membro da Irmandade Muçulmana, banida durante o regime Mubarak, e um dos candidatos do pleito de 16 e 17 de junho. Na véspera, Morsi declarara ser a pena de morte a única punição aceitável para Mubarak.

Ägypten Mubarak Prozess
Ânimos exaltados diante do tribunalFoto: DW

Saques e saúde de Mubarak

Antes de sua breve aparição no local dos protestos, o político da Irmandade Muçulmana declarara à imprensa que apoia inteiramente os manifestantes. "Todos nós, meus irmãos, temos que compreender, neste período, que a única maneira de atingir nossas metas é a continuação da revolução, e que os revolucionários defendam suas posições nas praças."

No turno decisivo das eleições presidenciais, Morsi enfrentará Ahmed Shafiq, o último primeiro-ministro indicado por Mubarak. Os comitês eleitorais de Shafiq, em duas cidades de província, foram saqueados, possivelmente devido à renovada onda de ira desencadeada pelas sentenças. No Cairo, o escritório de campanha de Shafiq, que também foi ex-ministro da Aeronáutica, já haviam sido atacados na segunda-feira.

Mohammed Morsi, candidato da Irmandade Muçulmana
Mohammed Morsi, candidato da Irmandade MuçulmanaFoto: AP

Não houve novas notícias quanto ao estado de saúde de Hosni Mubarak. Consta que o homem que governou o Egito durante três décadas sofreu uma "crise de saúde" ao chegar ao hospital da prisão na capital, onde deverá cumprir sua sentença. Tampouco puderam ser confirmadas as informações de que o ex-presidente haveria sofrido um ataque cardíaco.

AV/dw, dpa, dapd, afp, rtr
Revisão: Carlos Albuquerque