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PT vê perseguição, e adversários falam em decisão histórica

13 de julho de 2017

Mundo político reage à condenação de Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. Petistas criticam falta de provas, enquanto governistas saúdam juiz Sergio Moro. Dilma Rousseff classifica sentença de "escárnio".

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Após divulgação da sentença, ex-presidente petista (ao fundo) saiu em defesa de seu antecessor
Após divulgação da sentença, ex-presidente petista (ao fundo) saiu em defesa de seu antecessorFoto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres

A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou reações adversas no mundo político nesta quarta-feira (12/06). A decisão do juiz Sergio Moro, em primeira instância, imputou ao petista uma pena de nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Leia também: Condenação de Lula embaralha corrida para 2018

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No início da tarde, quando a sentença foi divulgada, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados estava reunida para analisar a denúncia contra o presidente Michel Temer pelo crime de corrupção passiva. A notícia logo repercutiu entre os membros do colegiado.

Em seu tempo de fala na CCJ, o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), criticou o fato de a condenação do ex-presidente ter sido divulgada no mesmo dia em que a comissão começou a discutir a acusação contra Temer, que aparecia até então como tema central da cobertura política.

"Mais uma vez Sergio Moro apresenta um julgamento no momento em que está sendo avaliado o afastamento do presidente Michel Temer. Fica evidente a ação política do juiz neste momento importante da política nacional", avaliou o líder petista, lamentando o desvio das atenções.

Para a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), a sentença de Moro é meramente "política", "sem provas" e tem como objetivo inviabilizar a candidatura de Lula à Presidência da República em 2018. "Se vocês querem tirar o Lula da vida política, sejam decentes e corajosos. Lancem um candidato e disputem nas urnas", desafiou a parlamentar.

A ex-presidente petista Dilma Rousseff também se pronunciou sobre a condenação, classificando-a como um "escárnio". "Uma flagrante injustiça e um absurdo jurídico que envergonham o Brasil. (...) Essa condenação fere profundamente a democracia", afirmou ela em nota.

Para Dilma, a sentença foi proferida por Moro "sem provas" e com "objetivo de cassar os direitos políticos" de seu antecessor. A petista disse ainda que Lula é "um dos mais importantes estadistas do mundo do século 21", que "vem sofrendo uma perseguição sem quartel". "Lula é inocente. E o povo brasileiro saberá democraticamente resgatá-lo em 2018", concluiu a ex-presidente.

Oposição ao PT defende decisão

A condenação, por outro lado, foi defendida por parlamentares governistas e políticos de oposição ao PT, que falaram em "decisão histórica". Durante a sessão da CCJ nesta quarta-feira, o líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), disse que a sentença de Moro foi "baseada na lei, nos fatos e nas provas".

"Ela significa o fortalecimento do combate à corrupção e à impunidade. É uma lição didática para o cidadão brasileiro para mostrar que se acabou o tempo em que os poderosos não enfrentavam a Justiça. Todos devem ser iguais perante a lei", afirmou o parlamentar.

O mesmo tom foi adotado pelo líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC). "A lei existe para todos. E ninguém pode estar acima da lei. A condenação do ex-presidente é uma decisão que precisa ser entendida como absolutamente correta tendo em vista que um juiz com a reputação de Sergio Moro não aplicaria uma penalidade sem ter provas suficientes para sustentá-la", disse o senador.

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) – em segundo lugar nas pesquisas para presidente da República, atrás apenas de Lula – também saudou a decisão do juiz. "Meus cumprimentos e minha continência a Sergio Moro, um homem que está mostrando para todos no Brasil que podemos ter uma maneira diferente de fazer política", declarou ele em vídeo divulgado em rede social.

Também pré-candidata ao Palácio do Planalto, Marina Silva (Rede-AC) afirmou que "a Justiça nunca pode ser tomada como ato de vingança" e reiterou o discurso de que "ninguém está acima da lei". "Os três grandes partidos que contribuíram para a democracia estão igualmente comprometidos, isso é muito triste", acrescentou a ex-ministra de Lula, referindo-se ao PT, PSDB e PMDB.

EK/abr/ots