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Putin promete levar assassinos de Nemtsov à Justiça

1 de março de 2015

Em telegrama para a mãe do líder assassinado, presidente diz que fará de tudo para que autores do crime recebam o castigo que merecem. Prefeitura autoriza a participação de até 50 mil pessoas em marcha neste domingo.

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Foto: REUTERS/Sergei Karpukhin

O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu neste sábado (28/02) fazer "todo o possível" para levar à Justiça os responsáveis pelo assassinato do opositor Boris Nemtsov. A morte do líder de oposição gerou clamor internacional para que o governo russo realize uma investigação séria sobre os mandantes e executores do crime.

Em telegrama enviado à mãe de Nemtsov, Dina Eidman, e publicado no site do Kremlin, Putin disse que "tudo será feito para que os organizadores e autores de um assassinato vil e cínico recebam o castigo que merecem". Ele afirmou, ainda, que o opositor "deixou sua marca na história, na política e na vida pública da Rússia" e que a sua morte é uma "perda irreparável".

Nemtsov, que foi vice-primeiro-ministro durante a presidência de Boris Ieltsin nos anos 1990, "exerceu cargos importantes em um difícil período de transição" do país e "assumiu sempre as suas posições de forma direta e com honestidade", escreveu Putin para Eidman, de 86 anos.

Nemtsov, de 55 anos, foi atingido por quatro tiros disparados a partir de um carro branco na noite desta sexta-feira. Ele foi morto enquanto caminhava com uma mulher ucraniana em uma área próxima ao Kremlin, no centro da capital russa. Ele é a figura de oposição mais proeminente assassinada durante os 15 anos da gestão Putin.

Nemtsov era um crítico contundente de Putin e frequentemente se manifestava contra a corrupção no governo, a anexação da Crimeia pela Rússia e o envolvimento do país no conflito no leste da Ucrânia. Poucas horas antes de sua morte, Nemtsov tinha conclamado a população a participar de um comício da oposição que será realizado neste domingo contra a política do Kremlin com relação à Ucrânia.

Em vez de manifestação, os organizadores decidiram realizar uma marcha pelo centro de Moscou em memória de Nemtsov a partir das 15 horas no horário local (10 horas em Brasília). A prefeitura de Moscou autorizou a participação de até 50 mil pessoas.

Russland Moskau Opposition Boris Nemzow erschossen
Nemtsov era crítico contundente de PutinFoto: REUTERS/Anton Golubev/Files

Clamor internacional

O Comitê de Investigação russo afirmou neste sábado que está trabalhando com várias possibilidades que possam ter motivado o assassinato de Boris Nemtsov, incluindo uma possível tentativa de desestabilizar o Estado, extremismo islâmico, conflito na Ucrânia e até mesmo a vida pessoal da vítima.

A nota do órgão máximo de investigação russo, porém, não cita a possibilidade vista como mais provável por muitos dos apoiadores de Nemtsov – a de que ele foi morto por ser um dos críticos do Kremlin mais ferrenhos e de maior visibilidade.

Vladimir Putin afirmou que supervisionará pessoalmente as investigações sobre a morte de um de seus maiores opositores. O porta-voz do governo, Dimitry Peskov, disse que o caso tem "características de um assassinato encomendado", e que pode ter sido uma "provocação", considerando que Nemtsov planejava liderar um grande protesto organizado pela oposição no domingo.

O assassinato do líder oposicionista e ex-vice-primeiro-ministro da Rússia Boris Nemtsov, em Moscou, gerou consternação no país e a condenação de líderes internacionais. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse estar chocada e pediu ao presidente russo que "garanta a investigação da morte de Nemtsov e que os culpados sejam levados à Justiça", afirmou o porta-voz do governo em Berlim.

O presidente da França, François Hollande, também condenou a morte, e descreveu Nemtsov como um "corajoso e incansável defensor da democracia, comprometido com a luta contra a corrupção" na Rússia.

O presidente americano Barack Obama, que chegou a conhecer Nemtsov durante uma visita a Moscou em 2009, declarou que os russos perderam "um dos mais dedicados e eloquentes defensores de seus direitos". Obama pediu ao Kremlin a condução imediata de investigações "imparciais e transparentes".

FC/rtr/dpa/afp/ap/lusa/efe