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Quando o ouvido vai às compras

rw5 de janeiro de 2003

Não só o design de um produto, seja carro, alimento ou eletrodoméstico, influencia o consumidor na hora da compra. O ruído também é importante. Uma tarefa para designers de som e empresas ou institutos de psicoacústica.

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Acústica dos produtos influi em nosso comportamentoFoto: Illuscope

O aspirador de pó de última geração tem um motor silencioso, mas para garantir a satisfação do usuário está equipado com um pequeno alto-falante que transmite o barulho de grãos de sujeira passando pelo cano metálico. "À medida em que o chão vai ficando limpo, o aparelho diminui a emissão de ruídos", conta o sound designer Markus Bodden.

O trabalho do engenheiro alemão consiste na otimização de ruídos (não só do motor) de automóveis, aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos. São raros os produtos atualmente oferecidos no mercado que não passaram por uma checagem completa.

Esta otimização geralmente é feita com base em reclamações ou sugestões dos consumidores, ou mesmo sob encomenda da indústria. A preocupação com o design de ruídos começou na Alemanha, há cerca de dez anos, mas cresceu em importância nos últimos cinco.

Qualquer ruído emitido por um produto, seja a batedeira, a porta do carro ou o secador de cabelo, desperta um sentimento em quem o usa. Além do impacto visual causado pelo design, a qualidade do produto também é avaliada pelo barulho que emite, até mesmo quando mastigado, no caso da indústria alimentícia.

A firma Synotec Psychoinformatik, da Saxônia, testa produtos e desenvolve – ou cria – os ruídos adequados, a fim de melhorar sua aceitação pelo consumidor. "Para transmitir segurança, o bater da porta de um automóvel tem que soar curto e seco", avisa o chefe da Synotec, Friedrich Blutner.

Ruído dá identidade ao produto

Da mesma forma como a identidade corporativa de uma empresa, no desenvolvimento de novos produtos é buscada uma identidade sonora. A tendência dos profissionais em acústica, hoje, é inspirar-se nos sons da natureza. Uma máquina de lavar roupa em funcionamento, por exemplo, deve lembrar o marulhar de uma lagoa.

O computador ajuda os engenheiros e designers de som na redução dos sons desagradáveis mas imprescindíveis. Se necessário, através de ruídos provocados por outros materiais, para iludir o consumidor.

O silêncio, entretanto, nem sempre agrada. Enquanto pesquisas junto aos consumidores provaram que os homens querem "ouvir" a barba sendo cortada, as mulheres preferem depiladores silenciosos.

No país da indústria automobilística, uma preocupação compreensível. Enquanto os carros de luxo tudo têm de soar discretamente elegante; nos esportivos, o barulho é sinônimo de potência. Isso sem falar nas diferenciações por continente.

Enquanto os japoneses gostam de sons claros para seus motores, o consumidor europeu prefere um ronco grave. O professor Reinhard Weber, chefe do Instituto de Psicoacústica da Universidade de Oldenburg, no norte alemão, desenvolveu especialmente para a Nissan um ruído de motor agradável aos ouvidos europeus.