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Quanto mais eletrônica, mais panes

rw23 de novembro de 2003

ABS, ESP, ASR são siglas de mecanismos que incrementam a segurança nos carros modernos. Um conforto que está dando cada vez mais dor de cabeça aos motoristas e às oficinas.

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Comandos supérfluos perdem lugar no consoleFoto: VW

O número crescente de panes em automóveis praticamente novos está forçando a indústria a repensar prioridades para garantir a satisfação dos clientes. De que adiantam sofisticados sistemas eletrônicos se eles não funcionam e, pior ainda, emperram outras funções essenciais? "O excesso de lampadinhas de controle é desnecessário, um simples display com as funções mais importantes bastaria", garante Martin Thoone, da fabricante de autopeças Visteon.

A complicada eletrônica dos carros modernos é muito suscetível a falhas. Já uma leve flutuação de tensão pode interferir nos delicados sistemas, acionando, por exemplo, o dispositivo antifurto ou trancando portas.

Se em 1999 a metade das panes em carros alemães foi causada por problemas na parte elétrica ou eletrônica de automóveis com três a cinco anos de uso, no ano passado este índice aumentou para 55,9%. Para 2003, calcula-se que atinja 57% dos automóveis defeituosos, segundo uma estatística publicada na última edição do semanário Focus. Também o número de recalls no país aumentou de 82 para 127 entre 1998 e o ano passado.

Bateria e arranque, os vilões

A bateria é, disparado, o principal vilão quando se trata de falhas no sistema eletro-eletrônico, até porque ela é imprescindível para o funcionamento de quase todos os dispositivos modernos no carro. Entre 1998 e 2002 (69 mil casos), aumentaram em 30% na Alemanha as panes causadas por problemas com a bateria ─ isso, atenção, sem contar os casos em que a bateria estava descarregada porque a luz havia ficado acesa.

Em segundo lugar na lista dos responsáveis pelas panes no ano passado aparece o arranque, com 6702 casos.

"Quando os fabricantes de autopeças conseguem desenvolver dínamos mais potentes, eles estão desatualizados, pois as fábricas de automóveis já inventaram mais um comilão de energia para o carro", reclama Helmut Schmaler, perito em eletrônica do ADAC, o maior automóvel clube alemão.

Segundo ele, embora já há anos as indústrias automobilística e de autopeças estejam pensando na instalação de baterias de 42 volts nos carros novos, a inovação ainda não foi implementada por questões de segurança e de custos.

Questão de tempo

Autofabrik (AUDI)
Foto: AP

Muitos dos sistemas não são amadurecidos completamente nos centros de pesquisa, o que faz com que os problemas só sejam detectados quando o veículo já está em uso. Não tanto a complexidade de cada sistema, mas a interação de todo o conjunto causa as falhas. "Às vezes, as montadoras equipam os carros com vários componentes fabricados por fornecedoras diferentes para depois descobrirem que eles nem são compatíveis", explica o engenheiro Edmund Erich, da fabricante de autopeças Delphi.

A BMW, a Mercedes e a Audi já reagiram. "Não se quer mais implantar a técnica a qualquer preço. Decisiva é a utilidade para o cliente", disse um porta-voz da Audi. Lampadinhas, comandos e informações supérfluos estão sendo eliminados do console, o que acaba influindo não só no preço do automóvel, mas também no design, mais leve.

Segurança consagrada

Pela segurança que oferecem, os airbags, os sistemas de controle de frenagem (ABS), o programa eletrônico de estabilidade (ESP) ou o dispositivo antiderrapante (ASR) são considerados prioridade na compra de um carro novo pela grande maioria dos alemães.

Um recente estudo da Mercedes confirma que estas inovações em pouco tempo deverão fazer parte de todos os carros que deixam a linha de montagem. O ESP, por exemplo, diminui em 30% o risco de perder o controle sobre o carro.

A partir de 2004, os fabricantes de automóveis serão obrigados a instalar ABS em todos os veículos vendidos na Europa Ocidental. Segundo Jean Dufour, da Bosch, já agora 50% dos carros na Alemanha possuem o controle de frenagem, enquanto na Itália e na Grã-Bretanha o índice é de 12%.

No país do automóvel, a lista de inovações é ampliada constantemente. Acima de tudo os fabricantes de carros de luxo, como a Mercedes, já criaram dispositivos que secam os discos dos freios, advertem para a perda de pressão nos pneus ou freiam automaticamente num congestionamento. Uma questão ─ só ─ de preço.