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Desastre da Chapecoense: pouco combustível, excesso de peso

27 de dezembro de 2016

Relatório preliminar aponta falha humana e plano de voo deficitário. Investigadores revelam que mesmo com dois motores desligados, piloto não solicitou pouso de emergência.

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Acidente matou 71 pessoas, inclusive quase toda a delegação da equipe de futebol da Chapecoense
Acidente matou 71 pessoas, inclusive quase toda a delegação da equipe de futebol da ChapecoenseFoto: Getty Images/AFP//R. Arboleda

Um relatório preliminar sobre a queda do avião da Lamia, na Colômbia, que transportava a delegação da Chapecoense, revelou uma série de falhas humanas durante o voo. O acidente, no dia 28 de novembro, deixou 71 mortos, no que ficou marcada como a pior tragédia do esporte brasileiro.

Investigadores da Colômbia anunciaram nesta segunda-feira (26/12) que as gravações da cabine de comando do avião boliviano mostram que o piloto e o copiloto conversaram sobre a possibilidade de fazer uma escala em Leticia (Colômbia) ou em Bogotá, devido ao limite de combustível, mas decidiram não fazê-lo.

"Eles estavam cientes de que o combustível que tinham não era o adequado, nem era suficiente", afirmou o secretário de Segurança Aérea da Aeronáutica Civil da Colômbia (Aerocivil), coronel Fredy Bonilla. O piloto chegou a cogitar ir a Bogotá, mas acabou optando por ir direto a Rionegro, onde fica o aeroporto José María Córdova, nos arredores de Medellín.

Segundo a investigação, no plano de voo apresentado pelo piloto no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, a autonomia da aeronave era de quatro horas e 22 minutos, exatamente igual ao tempo de voo, quando deveria ter combustível para voar por, no mínimo, uma hora e meia a mais.

Além de pouco combustível, a aeronave transportava cerca de 400 quilos a mais do que permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, o plano de voo apresentado à Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (Aasana), atingindo 30 mil pés, foi aprovado pelo órgão.

Radar mostra os últimos momentos do avião

Os investigadores descobriram também outras falhas que foram cometidas durante o voo. "As condições de voo apresentadas eram inaceitáveis", destacou Bonilla. "Nenhuma falha técnica ocorreu no acidente, tudo foi erro humano", acrescentou.

Série de erros

Além do pouco combustível, o relatório mostrou que o plano de voo não apresentou um aeroporto para alternativa de pouso. O piloto também falhou ao solicitar a aterrissagem em José María Córdova, ao não informar sobre a gravidade de sua situação e nem que estavam desligados dois dos quatro motores.

"Neste ponto, tinham dois motores desligados, e a tripulação não fez nenhum relato de sua situação, que era crítica, e continuou reportando de forma normal" à torre de controle, disse Bonilla.

Pouco depois, com um terceiro motor já desligado, pôde ser ouvido nos áudios a torre perguntando se a aeronave precisava de algum serviço adicional em terra para uma possível emergência, e o piloto respondeu que não.

Quatro minutos antes do acidente, o quarto motor desligou e houve a falha elétrica total, sobre a qual o piloto informou por um sistema primário, já que o restante tinha deixado de funcionar.

Em sua última conversa, o piloto pediu "direções" enquanto descia sem autorização para aterrissar. A torre perguntou então sua altitude e informou que ainda estava a 8,2 milhas (cerca de 13 quilômetros) da pista, mas o avião não respondeu e tudo ficou em silêncio devido ao impacto a 230 km/h.

Entre as irregularidades cometidas, o esgotamento de combustível é a principal delas. O avião da Lamia levava a delegação da Chapecoense para jogar a primeira partida final da Copa Sul-Americana  e caiu no dia 28 de novembro. Seis pessoas sobreviveram ao acidente.

CN/efe/lusa/afp