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Ratzinger é o novo papa

20 de abril de 2005

Cardeal alemão foi escolhido num dos conclaves mais curtos da história da Igreja Católica e adota o nome Bento 16. Primeira viagem deve ser para a Alemanha em agosto de 2005.

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Cardeal alemão é papa Bento 16Foto: AP

Os 115 cardeais da Igreja Católica escolheram, nesta terça-feira (19/04), após 26 horas de conclave, no Vaticano, o cardeal alemão Josef Ratzinger para suceder o papa João Paulo 2º. Mais de 100 mil fiéis comemoraram e aplaudiram o sorridente Ratzinger em sua primeira aparição como papa Bento 16, na sacada da Basílica de São Pedro, em Roma.

Em seu primeiro pronunciamento ele disse: "Queridos irmãos e irmãs! Depois do grande papa João Paulo 2º, os cardeais escolheram a mim, um simples, humilde trabalhador da vinha do Senhor". Ratzinger pediu ao mundo que reze por ele e por seu pontificado. "Confio em vossas orações", declarou, antes de dar sua bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo), vestido com os tradicionais paramentos pontifícios.

Jubel über habemus papam
Foto: AP

Bento 16 foi recebido pela multidão com um misto de euforia e surpresa na Praça de São Pedro. Reações semelhantes foram registradas também na Alemanha, onde Ratzinger é uma figura controvertida. Os sinos tocaram e católicos em todo o país foram às igrejas depois do anúncio da eleição do papa.

Em Marktl (Baviera), onde Ratzinger nasceu, Traunstein (onde morou e esteve no seminário), Regensburg e Colônia, fiéis festejaram sua eleição em missas e orações noturnas. Alguns chegaram chorando à Frauenkirche, em Munique, onde Ratzinger foi arcebispo entre 1977 e 1982.

Outros alemães reagiram menos empolgados. "Obviamente é espetacular que seja um papa alemão, mas tenho dúvidas se Ratzinger é o líder certo para tratar das questões da Igreja Católica", disse Gerd Schrodat. De acordo com uma pesquisa de opinão realizada pela rede de televisão ARD, dois terços dos alemães acreditam que Ratzinger será um bom papa. Críticos da Igreja manifestaram-se decepcionados – haviam esperado um papa progressista.

Jubel in Deutschland über Papstwahl
Eleição de Bento 16 foi festejada em Marktl, onde ele nasceu (na casa ao fundo).Foto: AP

Não só a escolha do conservador cardeal alemão, mas também o anúncio do resultado do conclave gerou surpresa, antecipada por suspense. A fumaça que sinalizou a eleição de Ratzinger começou a sair da chaminé da Capela Sistina às 17h49 (horário europeu) e, inicialmente, gerou incertezas entre os fiéis e jornalistas reunidos na Praça de São Pedro. Sua cor não era nem branca nem preta. Mas o toque dos sinos da Basílica de São Pedro confirmou a eleição. A decisão, 17 dias após a morte de João Paulo 2º, foi tomada na quarta votação por maioria de dois terços dos votos.

O conclave para escolher o sucessor de João Paulo 2º, falecido no dia 2 de abril, durou apenas dois dias, tempo inferior ao que os cardeais levaram para escolher o polonês Karol Josef Wojtyla em 1978. À época, o alto clero da Igreja levou três dias e oito votações para chegar a um consenso.

A apresentação do novo pontífice foi antecedida pela comunicação em latim "Habemus papam!", feita pelo cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estévez.

Papa conservador

Joseph Ratzinger nasceu em Marktl, na diocese alemã de Passau, em 16 de abril de 1927. Recebeu a ordenação sacerdotal em 29 de junho de 1951, a episcopal em 1977 e, no mesmo ano, foi nomeado cardeal no consistório convocado por Paulo VI. Sob João Paulo II, foi um dos homens mais influentes do Vaticano, como prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé. Ele personifica a voz da ortodoxia católica, sendo conhecido no Brasil, sobretudo, como adversário da Teologia da Libertação. Alguns vaticanistas e críticos da Igreja prevêem que ele dará continuidade à linha conservadora de João Paulo 2º.

Ratzinger celebra sua primeira missa como papa nesta quarta-feira (20/04), na Capela Sistina. O oitavo pontífice alemão da história da Igreja deverá fazer sua primeira viagem internacional a seu país de origem, onde acontece a 20ª Jornada Mundial da Juventude, de 15 a 21 de agosto de 2005. "Posso lhe dizer que o novo papa nos disse após ser eleito que ele iria visitar Colônia no verão para o Dia Mundial da Juventude", disse um prelado à agência de notícias Reuters.