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Reciclagem pode acabar no lixo

rw4 de maio de 2004

Sistema Dual alemão reciclou 7,2% menos embalagens no ano passado. Depósito sobre embalagens recicláveis e desleixo dos consumidores, principalmente urbanos, ameaçam o sistema, que já foi modelo na Europa.

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Sistema Dual existe desde 1991Foto: dpa

O depósito obrigatório para grande parte das bebidas vendidas em embalagens descartáveis, em vigor desde o início do ano passado, levou o Sistema Dual alemão (Duales System Deutschland — DSD) a reciclar no ano passado 7,2% menos embalagens do que em 2002. O principal responsável pelo balanço negativo foram as embalagens de materiais compostos, como as latinhas, cuja cota de reaproveitamento diminuiu 21,8% em relação ao ano anterior.

O DSD, idealizado em conjunto pelos setores da indústria e comércio do país, especialmente para a coleta e reaproveitamento do lixo seco, apresentou seu balanço relativo a 2003 nesta segunda-feira (03), em Bonn.

Uma notícia positiva é que aumentou em 9% a quantidade de plásticos reciclados, isto é, puderam ser feitos novos produtos de 52% das embalagens plásticas recolhidas. Já o depósito obrigatório para as embalagens de bebidas levou a que deixassem de ser juntadas 630 mil toneladas de latinhas e garrafas, causando um buraco no caixa de 300 milhões de euros.

Desleixo aumenta na triagem

O presidente do DSD, Hans-Peter Repnick, queixou-se, no entanto, que a Alemanha, até pouco tempo modelo em termos de cuidado com a separação do lixo, está negligenciando a triagem. Para destacar a importância da seleção, Repnick salientou que a energia economizada com o lixo reaproveitado em 2003 permitiria às padarias alemãs assar dois pãezinhos para cada habitante do país durante três anos.

Embora uma pesquisa de opinião do Instituto Allensbach tenha revelado que 91% dos alemães separam seu lixo, cada vez mais potes vazios de iogurte ou caixas de papelão acabam jogados no lixo errado. Segundo Repnick, uma tendência verificada principalmente nos lares de uma pessoa só, nos centros urbanos. Em 2003, por exemplo, quase a metade (41%) do lixo foi separada de forma errada.

No ano passada, cada habitante da Alemanha separou 72,6 quilos de lixo reaproveitável, quase a mesma média per capita do ano anterior. Já o total deste tipo de material recolhido no país diminuiu, de 6,3 milhões de toneladas em 2002, para 5,9 milhões de toneladas no ano passado.

Separação mecânica substituirá a manual?

Enquanto fora das áreas urbanas a triagem é levada muito a sério, na periferia de Berlim acham-se mais fraldas descartáveis, lixo orgânico e vidros do que embalagens recicláveis nos latões destinados a este fim, reclama Michael Kern, diretor do Instituto do Lixo, Meio Ambiente e Energia, de Witzenhausen.

A maior fábrica alemã de reaproveitamento do lixo, RWE, já reagiu ao problema no ano passado, instalando modernos equipamentos de separação mecânica numa usina de triagem em Essen, no oeste alemão. O resultado surpreendeu: as máquinas, rápidas e precisas, foram muito mais eficientes do que a separação manual.

Mesmo assim, o sistema dual não deve ser extinto. Ao menos a médio prazo. Kern, por exemplo, defende a otimização da reciclagem do lixo na Alemanha a longo prazo, em vez de acabar abruptamente com a separação doméstica. Para a insatisfação dos céticos, que questionam as vantagens de um sistema como o atual, que custa 20 euros por contribuinte e cuja eficiência deixa a desejar.