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Recorde de exportação não ativa conjuntura

Karl Zawadzky (ns)12 de fevereiro de 2004

Apesar de novo recorde das exportações em 2003, o crescimento econômico não deslanchou na Alemanha. Motivo: crise do consumo interno.

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Ampliação da União Européia favorece comércio exterior alemãoFoto: AP

As exportações alemãs atingiram um novo recorde em 2003. Mercadorias no valor de 662 bilhões de euros foram exportadas - um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior. Essa foi também a primeira vez, desde a reunificação, que a Alemanha superou o montante de exportações dos EUA. No entanto, o país entrou numa leve recessão, com um queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,1%, após dois anos de estagnação.

O reaquecimento da economia novamente parece seguir o modelo clássico dos ciclos conjunturais na Alemanha: primeiro as exportações tomam embalo, o resto vem depois. No entanto, as aparências enganam e o êxito do comércio exterior não bastará para a retomada do crescimento econômico.

Os efeitos de um euro forte

As exportações não aumentaram significativamente no ano passado, porque o comércio com os EUA diminuiu em conseqüência da alta cotação do euro frente ao dólar. Isso marcou a balança comercial alemã. No entanto, os efeitos positivos da reativação da economia mundial acabaram tendo um peso maior.

Em outros termos, a queda do dólar é dolorosa para algumas firmas alemãs, para outras é uma catástrofe, mas não derruba as exportações, que são o motor da conjuntura. O reverso da medalha é que o dólar fraco torna mais em conta a importação de matérias-primas, compensando as dificuldades em exportar para a região do dólar.

Por assim dizer, importa-se com isso a estabilidade de preços. A concorrência no país fica mais acirrada, freando a inflação. Os preços dos produtos importados foram tão favoráveis que levaram a um aumento de 2,6% das importações alemãs, totalizando 532 bilhões de euros. Com isso, o superávit da balança comercial foi 3 bilhões de euros inferior ao de 2002, totalizando 130 bilhões de euros no ano passado.

Zona do euro e Leste Europeu mais importantes

Bildgalerie EU-Osterweiterung II: Litauen
Imagem de Kaunas, a segunda maior cidade da Lituânia, um dos países que entra para a União Européia em maio deste anoFoto: dpa

A Europa Oriental, nesse meio tempo, ganhou um significado até mais importante do que os Estados Unidos para o comércio exterior alemão, o que compensa os efeitos da baixa do dólar. Isso deverá intensificar-se ainda mais a partir deste ano, após a ampliação da União Européia para o leste. No mais tardar agora se evidencia a importância da moeda única européia. A metade das exportações alemãs vai para os demais países da zona do euro, escapando, assim, às oscilações cambiais.

Como a Alemanha é um dos países da região com a menor taxa de inflação, as mercadorias alemãs tornam-se mais competitivas - outro "efeito colateral" da situação. Não admira, portanto, que as exportações para a zona do euro tenham aumentado mais de 5%. A forte posição da economia alemã na Europa compensou bem sua fraqueza em outras regiões do mundo.

Por mais que isso seja positivo, não se deve esquecer que a exportação é apenas um dos fatores que influenciam a conjuntura. Sem um aumento da demanda interna e dos investimentos, o motor da conjuntura não irá pegar. Isto diz respeito especialmente ao consumo privado, que contribui com mais de 50% para o PIB.

Insegurança freia consumo

Os consumidores ouvem diariamente as boas novas do reaquecimento econômico, mas parecem não acreditar nele. Isso não causa estranheza, diante das más notícias do mercado de trabalho. Quatro milhões e meio de desempregados e mais um milhão e meio que vivem de renda mínima apertaram mais ainda os cintos. E quem ganha bem, faz seu pé de meia.

Os consumidores estão inseguros, falta-lhes confiança no futuro. Enquanto o índice de poupança continuar alto, as empresas estarão longe de esgotar sua capacidade de produção, não havendo necessidade de investimentos.

Por melhor que seja a notícia do recorde de exportações, elas sozinhas não conseguirão desencadear um reaquecimento que mereça o nome. Mas também é um fato que, sem um bom desempenho das exportações, não há menor chance de crescimento econômico. E elas devem aumentar em 2004, a medir pelo bom número de encomendas feitas às empresas.