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Referência a campos de concentração em protesto gera revolta

20 de outubro de 2015

"Infelizmente os campos de concentração estão desativados", diz escritor em referência a refugiados em discurso diante de milhares de manifestantes do Pegida em Dresden. Repórter da DW é cercado e agredido.

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Foto: Getty Images/S. Gallup

Um discurso no protesto do movimento Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente") nesta segunda-feira (19/10) deve ter consequências jurídicas para o escritor alemão de origem turca Akif Pirinçci.

"É claro que há outras alternativas, mas infelizmente os campos de concentração estão hoje desativados", afirmou o autor sobre o palanque, em referência aos refugiados que têm sido acolhidos na Alemanha. O Ministério Público do país está estudando medidas legais contra Pirinçci por incitação ao ódio.

Após a declaração durante o protesto em comemoração ao primeiro aniversário do movimento anti-islâmico, o escritor recebeu aplausos. Mas depois de discursar durante mais de 20 minutos, Pirinçci gerou descontentamento entre alguns dos cerca de 20 mil participantes da manifestação em Dresden, no leste da Alemanha, que gritaram "chega" e "sem demagogia".

No discurso, o escritor disse que os políticos do país estão contra o povo, descreveu refugiados como "invasores" e falou em um possível "depósito de lixo de muçulmanos" na Alemanha.

Reconhecido pelo romance Felidae, de 1989, o autor é centro de polêmicas por ter posicionamentos de conteúdo homofóbico e xenófobo. Um dos títulos mais recentes publicados pelo escritor é Deutschland von Sinnen. Der irre Kult um Frauen, Homosexuelle und Zuwanderer (Alemanha fora de si: o culto demente a mulheres, homossexuais e imigrantes, em tradução livre).

Em seu discurso em Dresden, Pirinçci criticou o engajamento de um político do estado de Hessen em prol de um centro de recepção para refugiados, e os manifestantes gritaram "resistir, resistir". Foi então que ele citou os campos de concentração da Alemanha nazista. A transcrição do discurso circulou no Twitter:

Em reação ao protesto desta segunda-feira, o ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, pediu que os cidadãos se afastem do Pegida. "São extremistas de direita. Eles classificam, de forma generalizada, requerentes de asilo como criminosos e todos os políticos como traidores", disse.

Agressão a repórter

O repórter da DW Jaafar Abdul Karim foi agredido ao cobrir a manifestação desta segunda-feira. Ao tentar entrevistas, ele e o cinegrafista que o acompanhava foram cercados. Vários apoiadores do Pegida gritavam: "Vão embora, jornalistas mentirosos. O que vocês querem?"

Karim e o colega tentaram se afastar, mas um dos manifestantes bateu na nuca do repórter. "Procurávamos alguma forma de sair dali. Sem violência, só queríamos fazer perguntas", contou Karim, que depois procurou a polícia.

Milhares de manifestantes anti-Pegida também foram às ruas de Dresden para demonstrar apoio à política de refugiados do governo Merkel. "Fora, nazis!", gritavam contra os apoiadores do Pegida.

Cerca de 2 mil policiais acompanharam as manifestações, tendo reportado ataques por parte de membros do Pegida. Um homem foi agredido a caminho do protesto, ficando gravemente ferido.

Os protestos do Pegida, que começaram em 20 de outubro de 2014, reúnem regularmente milhares de apoiadores no centro histórico de Dresden.

KG/dw/dpa/afp/ots