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Reforço brasileiro para Seleção Alemã?

Marcio Weichert23 de outubro de 2002

Falta de canhoto e carência de lateral esquerdo no selecionado alemão alimentam especulações sobre possível naturalização de Dede. Jogador aceitaria convite para seguir exemplo de Paulo Rink.

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Dede brilha no futebol alemão como poucos em sua posiçãoFoto: AP

Se num tema os alemães têm consenso, este é a lateral esquerda de sua seleção nacional. Ali está o ponto fraco da equipe, desde que o veterano Ziege renunciou a novas convocações após a Copa do Mundo. Seu sucessor, Böhme, não satisfaz o treinador Rudi Völler. O jogador do Schalke seria muito tempestivo, com atuações irregulares. A escassez na posição faz-se notar nos grandes clubes alemães: Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Bayer Leverkusen possuem estrangeiros na lateral esquerda.

Assim sendo, Völler tem improvisado, para desgosto do deslocado Frings. Após o vergonhoso empate com a Bósnia-Herzegovina (dia 11/10), o debate esquentou, quando o narrador Steffen Simon, da emissora de tevê ARD, sugeriu a naturalização de Dede (Borussia Dortmund) como solução.

Eficiência incomum

– No ranking da temporada passada elaborado pela revista Kicker, o brasileiro de 24 anos aparece em terceiro lugar entre os melhores laterais defensivos. "Ele é um beco sem saída. Quem corre em seu encontro, não passa com freqüência. Porque Dede é uma placa de 'Pare' brasileira com mentalidade alemã. Forte nas disputas de bola, mordaz, seguro com a bola. Numa posição difícil, ele mostra uma rara constância." Nas disputas de bola, Leonardo de Deus Santos – seu nome de batismo – desponta vitorioso em mais de 60% das jogadas, em média.

Ex-jogador da seleção brasileira olímpica, Dede nunca teve a chance de vestir a camisa canarinho da equipe principal, na qual Roberto Carlos é titular absoluto na lateral esquerda. Nem mesmo para a reserva na última Copa do Mundo foi lembrado pelo técnico Luís Felipe Scolari. Desesperançoso, o ex-jogador do Atlético Mineiro está disposto a vestir a camisa branca com o escudo da águia no peito. "Seria o máximo. Rudi Völler só precisa me telefonar", deixa claro o brasileiro.

Precedentes

– Dede não seria o primeiro estrangeiro a se naturalizar para satisfazer às necessidades da Seleção Alemã. Asamoah (Gana), Neuville (Suíça) e Dundee (África do Sul) já deram este passo, assim como o paranaense Paulo Rink na época em que o treinador Erich Ribbeck (1998-2000) comandou o selecionado germânico. O então atacante do Bayer Leverkusen (hoje no Energie Cottbus) chegou a ser convocado 13 vezes.

A diferença entre Dede e Paulo Rink é que este tem antepassados alemães e assim o trâmite para dar-lhe um passaporte alemão foi rápido. Sem origem alemã, os estrangeiros precisam residir há oito anos na Alemanha para solicitar naturalização. Porém, o lateral do Borussia Dortmund está no país apenas desde 1998.

Jeitinho alemão

– "Tenho certeza que se houver interesse por parte deles, eles me naturalizam. Não é só no Brasil que existe jeitinho. Aposto que aqui também", declarou o solteiro Dede ao DW-WORLD, dizendo desconhecer as leis alemãs de naturalização. A intuição do brasileiro tem fundamento. Toda regra tem suas exceções, diz o ditado. As autoridades podem conceder já a Dede a cidadania alemã se considerarem que existe "interesse público" em sua naturalização.

O técnico Rudi Völler, por enquanto, não parece muito entusiasmado com a possibilidade de ter Dede a sua disposição. "Para um jogador atuar na seleção nacional, ele deve ter um pouquinho a ver com a Alemanha", desconversa o treinador.

Já foi consultado

– Dede não se faz de rogado. "Disciplina tática, pontualidade, combatividade. Eu já me sinto pela metade alemão", afirma o mineiro de 24 anos. "Eu me sinto bem integrado aqui. Gosto de trabalhar na Alemanha", completa o lateral, apesar de já ter sofrido discriminação racial.

Apesar da aparente negativa inicial de Völler, as portas da seleção vice-campeã mundial não parecem fechadas ao campeão alemão. Dede goza de boas relações com Michael Skibbe, ex-técnico do Borussia Dortmund e auxiliar de Völler desde 2000. O mineiro afirma que Skibbe já o consultou se teria vontade de jogar pela Alemanha. "Dede é um jogador excepcional, mas não quero me envolver em especulações", tira o corpo fora o auxiliar de Völler.