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Relações entre Brasil e Alemanha ficam inalteradas

Marion Andrea Strüssmann23 de setembro de 2002

Com a vitória do Partido Social Democrático e dos Verdes, as relações bilaterais entre o Brasil e Alemanha não serão alteradas, segundo Manfred Nitsch, professor de Economia em Berlim.

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O ministro Joschka Fischer é considerado típico representante da geração de 68Foto: AP

"Schröder e Fischer manterão boas relações com o Brasil", acredita Manfred Nitsch, especialista em questões teuto-brasileiras. Ele afirmou que o chanceler alemão sempre foi bastante simpático com Fernando Henrique Cardoso e sua postura não será diferente com a troca de governo no Brasil. Nem mesmo uma provável vitória do PT será capaz de abalar o relacionamento entre os dois países.

Quanto às relações entre o Mercosul e a União Européia, Nitsch acredita que a coalizão dos social-democratas com os verdes continuará sendo uma importante base para a concretização de um convênio de investimentos diretos entre os dois blocos.

Geração pacifista

Nitsch fez ainda uma avaliação da vitória dos social-democratas e dos verdes, que ele classificou como legítimos representantes da geração pacifista de 68. Um exemplo é o desejo de preservar a paz mundial, defendido com veemência pelo chanceler Gerhard Schröder.

Esta postura, segundo o catedrático, nada mais é do que um reflexo da ideologia da chamada geração de 68. "Para os políticos social-democratas e verdes, a guerra é algo terrível, pois eles sofreram um trauma pessoal com os resquícios da Segunda Guerra Mundial. Isso fez com que optassem por uma certa vertente pacifista. Além disso, essas pessoas também têm um trauma ideológico, ou seja, anti-nazista, porque a geração anterior aqui na Alemanha foi responsável pela sustentação de um regime que resultou em guerra".

O professor lembrou ainda da guerra do Vietnã, no final da década de 60 e começo da 70, que fez com que os jovens da época desenvolvessem um sentimento de oposição à política americana. A desilusão com os rumos tomados pelo governo americano é latente até hoje.

Isto explicaria porque Schröder e Fischer fazem questão de afirmar que não irão apoiar os EUA em uma possível invasão militar no Iraque. Nem o argumento de que o ataque ao Iraque seria uma guerra preventiva e necessária para derrubar o governo ditatorial de Saddam Hussein é suficiente para conseguir a adesão dos governantes alemães.

Vitória apertada

O professor Manfred Nitsch comentou a vitória apertada dos social-democratas, frisando que a competência no campo econômico foi o grande trunfo da União Democrática Cristã/União Social Cristã (CDU/CSU). Enquanto os partidos da coalizão cristã sempre esteve mais ao lado dos empresários, o SPD e o Partido Verde estão mais próximos dos sindicatos e enfrentam um número maior de problemas com o empresariado. O equilíbrio nessa eleição é resultado deste panorama.

Apesar de o desemprego ser o ponto mais fraco no balanço dos social-democratas, Nitsch acredita que o eleitorado esteja ciente de que o governo exerce pouca influência sobre a conjuntura econômica. "A responsabilidade dos políticos para com o desemprego não é tão direta assim e creio que esta postura é correta, pois a economia tem seus próprios caminhos e não depende tanto das leis e da política governamental".

Desempenho dos Verdes

O significativo aumento de votos para o Partido Verde nessa eleição não é mérito apenas do carisma de Joschka Fischer, disse Nitsch. Ele explicou que, apesar de desfrutar de grande aceitação popular, o ministro das Relações Exteriores não teve atuação isolada no último mandato. Os desempenhos da ministra da Agricultura e de Defesa do Consumidor, Renate Künast e de Jürgen Trittin, ministro do Meio Ambiente, também foram decisivos para melhorar a imagem dos Verdes.