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Restabelecido status quo na ilhota do Mediterrâneo

(lk)21 de julho de 2002

Após dez dias de tensão, Espanha e Marrocos chegam a um acordo provisório sobre a ilhota que ambos os países reivindicam.

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Navios de guerra retiram-se da ilhotaFoto: AP

A paz reina de novo na ilhota que os espanhóis chamam de Perejil e os marroquinos de Leila, e que voltou a ser habitada somente por cabras. No sábado (20), a Espanha retirou de lá seus últimos soldados e helicópteros, enviados após a ocupação por militares marroquinos, há dez dias.

Os dois países continuam reivindicando a posse do território, cuja extensão corresponde à de um campo de futebol. Mas, graças à mediação dos Estados Unidos, assumiram o compromisso de não enviarem mais militares para lá, nem de hastearem suas bandeiras. Com isso, a ilhota recuperou o status quo vigente há 42 anos, ou seja, é um território neutro, praticamente "terra de ninguém".

Como sinal da distensão e da busca de um consenso, a ministra espanhola das Relações Exteriores, Ana Palacio, e seu colega de pasta marroquino, Mohamed Benaissa, vão encontrar-se em Rabat, na segunda-feira (22).

Inúmeros conflitos entre os dois países

Além de Perejil e outras ilhotas situadas no Mediterrâneo, Espanha e Marrocos disputam Ceuta e Melilla, enclaves espanhóis em território africano. Os marroquinos são de opinião de que Perejil lhes pertence desde 1956, ano em que terminou o protetorado espanhol. Já a Espanha reporta-se a um acordo com Portugal de 1668, que lhe garante a soberania sobre a ilhota e sobre Ceuta.

As questões territoriais, no entanto, não são os únicos pontos de atrito entre os dois países. Em abril de 2001, o Marrocos recusou-se a renovar um acordo que permitia a pescadores espanhóis a pesca diante dos 1500 quilômetros da costa marroquina, alegando necessidade de proteção de sua fauna marinha. Em conseqüência da medida, que o primeiro-ministro espanhol classificou de inaceitável, milhares de pescadores espanhóis ficaram sem trabalho.

A esse conflito, juntam-se divergências políticas existentes há décadas em relação ao Saara Ocidental e, de uns anos para cá, a questão dos imigrantes ilegais que, provenientes das mais diversas partes da África, tentam chegar à Europa atravessando o estreito que separa a costa marroquina da espanhola. As autoridades da Espanha já acusaram repetidamente os marroquinos de negligência no controle das fronteiras.

O encontro de segunda-feira na capital do Marrocos é visto como um passo construtivo na busca de soluções para os conflitos.