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Aliança dividida

14 de abril de 2011

Aliança militar continuará com sua missão na Líbia até Kadafi encerrar agressões contra civis. Continua controverso, no entanto, se para isso as ações militares serão intensificadas.

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Ministros de Exterior da Otan reunidos na capital alemãFoto: AP

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está dividida quanto ao futuro da operação militar na Líbia. Reunidos em Berlim em uma conferência de dois dias, os ministros das Relações Exteriores de seus Estados-membros só alcançaram um consenso mínimo sobre o tema que monopolizou a sessão desta quinta-feira (14/04).

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Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da OtanFoto: dapd

Como anunciou o secretário-geral Anders Fogh Rasmussen, a aliança militar está "firmemente decidida" a continuar a operação "pelo tempo que for necessário". "Temos a responsabilidade de proteger os civis da Líbia contra um ditador brutal", declarou Rasmussen.

Ele apelou para que sejam preparados aviões especiais, a serem empregados em investidas precisas contra alvos no solo, a fim de evitar vítimas civis. Em nome da organização, ele instou Muammar Kadafi a suspender todos os ataques contra a população, a retirar suas tropas das cidades ocupadas e a permitir o acesso aos que necessitem de ajuda no país. Esses três tópicos foram citados na declaração final do encontro como condições para o fim da missão da Otan na Líbia.

Indagado se a organização permitiria o fornecimento de armas aos rebeldes – o que é defendido pela Itália e por Qatar – o secretário-geral Rasmussen assegurou que a missão obedecerá rigorosamente ao mandato do Conselho de Segurança da ONU. Isso se aplicaria, também, à implementação do embargo armamentista contido no mandato.

Críticas de franceses e ingleses

Da conferência em Berlim também participam países não filiados à aliança militar, como a Suécia e Qatar. Na abertura, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, exigiu a renúncia de Kadafi. Mais tarde, chamou a atenção para a necessidade de que seja esclarecido quando e como a intervenção militar poderá ser concluída. A Alemanha foi o único membro da Otan a se abster do voto e a recusar a participação militar na missão, durante a votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a atitude em relação à Líbia, em meados de março.

A divergência dentro do grupo se expressou sobretudo nas acusações da França e do Reino Unido, que atribuem à Otan a culpa pelo impasse na guerra da Líbia e pleiteiam investidas mais pesadas contra as posições de Kadafi. Ambos os países se queixaram de ter que arcar com a maior carga militar da missão, destacando que no momento os Estados Unidos não realizam ataques aéreos, atendo-se a uma posição de apoio. Também a reserva da Alemanha foi repetidamente criticada.

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Hillary Clinton (e) e Angela Merkel durante o encontroFoto: dapd

A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, assegurou que seu país "apoiará com energia" a missão na Líbia, até a deposição de Kadafi. Durante o encontro com a chefe da diplomacia dos EUA, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse que se devem utilizar tanto "meios militares" quanto "um processo político" na solução do conflito.

Outro ponto de atrito em meio à comunidade internacional é a forma mais apropriada de lidar com o conselho de transição formado pelos oposicionistas líbios. Enquanto França, Itália e Qatar já reconheceram oficialmente o grêmio, outros são mais reservados. Merkel desaconselhou que se adote o conselho como interlocutor único, enfatizando a presença de um ex-ministro de Kadafi, antes envolvido em violações dos direitos humanos.

Crítica de Medvedev

Durante a conferência sobre a Líbia realizada quarta-feira no Cairo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, repetiu sua exigência de um cessar-fogo. Também presente, a alta representante da União Europeia para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Catherine Ashton, afirmou que Bruxelas deseja que Kadafi renuncie "imediatamente".

O presidente russo, Dimitri Medvedev, criticou a missão da ONU. Após a conferência do BRICS – com representantes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – na cidade chinesa de Sanya, ele destacou que a resolução da ONU sobre a Líbia não prevê uma intervenção militar.

Mais mortes civis na Líbia

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Kadafi em TrípoliFoto: dapd

Nesta quinta-feira, a capital líbia, Trípoli, foi novamente alvo de bombardeios aéreos. Segundo correspondentes da agência de notícias AFP, ouviu-se uma forte explosão na área da residência do líder Kadafi, cujas tropas responderam com disparos antiaéreos.

Segundo informações dos insurgentes, pelo menos 13 homens, mulheres e crianças morreram em ataques das forças do ditador contra a cidade portuária de Misurata.

AV/dapd/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer