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Revelado diário do copiloto que derrubou voo da Germanwings

7 de março de 2016

Jornal alemão "Bild" obtém acesso a registros pessoais e avaliações médicas de Andreas Lubitz, que passou períodos de forte depressão antes de provocar o desastre que matou 149 pessoas.

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Germanwings / Absturz / Wrackteil
Foto: picture-alliance/dpa

Reportagem do jornal alemão Bild publicada nesta segunda-feira (07/03) revelou detalhes do diário pessoal de Andreas Lubitz, o copiloto que, segundo resultados da investigação, derrubou propositalmente o voo da Germanwings nos Alpes franceses, em março de 2015.

O jornal afirma ter obtido acesso exclusivo a milhares de páginas do diário que Lubitz mantinha em seu computador pessoal, além de avaliações feitas por médicos do copiloto e outras pistas sobre seu estado mental. O material teria sido recolhido por promotores franceses

Em setembro de 2008, quando se mudou para Bremen para iniciar seu treinamento na Lufthansa, Lubitz se queixou de solidão e de problemas para dormir em seu novo apartamento. Após dois meses, ele interrompeu o treinamento em razão de depressão, reclamando também de problemas nos olhos e de que estaria ouvindo ruídos.

"Me submetendo a tratamento psiquiátrico, depressão aguda, sonho de me tornar piloto praticamente acabado", escreveu na época. Em outro registro, Lubitz descreve um sentimento de tristeza: "Vejo como o mundo me deixa de lado [...] pular de um abismo é a única saída."

Após deixar a escola de aviação, um terapeuta avaliou que o copiloto sofria de "forte autocomiseração" e era atormentado por "conflitos internos", mas afirmou não ter notado tendências suicidas.

Após receber tratamento intensivo, que incluía medicamentos, hipnose e exercícios de relaxamento, Lubitz parecia responder bem à terapia. Em meados de 2009, seu médico considerou que ele estava apto a reiniciar seu treinamento.

Nova recaída

No diário, o jovem de 21 anos demonstrava maior otimismo, agradecendo o apoio de membros da família e da namorada. No final de 2009, porém, a depressão parece ter retornado. Ele se queixava de "ouvir ruídos, redução da audição e do olfato", além de se sentir apático. "Mal consigo pensar claramente e me preocupo, principalmente, com a falta de esperança em relação à minha situação."

Apesar da recaída, ele continuou o treinamento e conseguiu ser aprovado como copiloto em 2014. Lubitz descreveu aquele ano como "estressante", apesar de conseguir trabalho na Germanwings e se mudar com a namorada para um apartamento em Düsseldorf.

Nos meses que antecederam a queda do avião, ele consultou 41 médicos diferentes, segundo informações dos promotores franceses. Apesar de que muitos deles terem percebido graves problemas psiquiátricos, nenhum alertou a empresa aérea em que Lubitz trabalhava.

Após começar a trabalhar na Germanwings, Lubitz foi afastado do trabalho por razões médicas em diversas ocasiões, inclusive no dia do acidente. Aparentemente, o copiloto teria decidido omitir esse fato dos seus superiores.

Segundo as provas colhidas pelas autoridades francesas, o copiloto se trancou na cabine de comando e colocou avião em uma descida acentuada sobre os Alpes franceses, matando todas as 149 pessoas que levava a bordo, entre passageiros e tripulantes.

O acidente fez com que as autoridades alemãs tomassem medidas para reforçar a segurança das cabines de comando dos aviões e introduzissem testes aleatórios de consumo de drogas e álcool nos pilotos.

RC/dpa/dw