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Revista alemã vê Lula como gol contra para a economia brasileira

(am)8 de julho de 2002

A edição online do semanário alemão "Der Spiegel" comparou Ronaldo e Lula, dizendo que as suas atuações individuais têm influência direta sobre todo o Brasil.

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Lula é "o pior atacante do Brasil", segundo artigo de revista alemãFoto: AP

Sob o título "Brasiliens schlimmster Stürmer" ("O pior atacante do Brasil"), Thomas Hillenbrand, da conceituada revista semanal alemã Der Spiegel, analisa a posição do setor financeiro internacional em relação ao candidato Lula e prevê um verdadeiro desastre econômico no Brasil, caso o PT vença as eleições. Hillenbrand: "Graças a Ronaldo, os brasileiros foram os reis do mundo por alguns dias. Mas da mesma maneira como um único atleta levou o país inteiro ao paraíso, um único político poderia causar agora uma total derrocada econômica."

Segundo o artigo de Der Spiegel, a vitória na Copa pode ter sido a última grande festa do Brasil. "O país desliza dia após dia cada vez mais profundamente na crise econômica, que poderia terminar numa expulsão coletiva de campo, a insolvência do maior país sul-americano."

Hillenbrand compara Ronaldo e Lula: "No futebol, tudo dependeu de um jogador. (…) Também o setor econômico do Brasil volta-se atualmente para um homem – mas os sinais são distintos: um compatriota de Ronaldo espalha medo e pavor. Trata-se de Luís Inácio Lula da Silva, líder trabalhista, candidato à presidência, terror das Bolsas."

Calças cheias

O analista de Der Spiegel não endossa, contudo, as reações negativas dos setores financeiros internacionais: "O temor de Lula assumiu entrementes formas grotescas. (…) Não são os indicadores econômicos ou os prognósticos de lucro que fazem o real cair para níveis cada vez mais baixos – em vez disto, o mercado quase enche as calças, quando Lula sobe um por cento nas pesquisas eleitorais."

Thomas Hillenbrand não vê, na realidade, razão para tanto medo por parte dos investidores: "Um pouco mais de tranqüilidade seria útil: ao contrário da Argentina, o Brasil fez uma reforma bem sucedida dos setores bancário e empresarial; a inflação está num nível aceitável; o país tem um superávit orçamentário, com o qual pode cumprir os compromissos da dívida externa; há pouco tempo, o FMI voltou a elogiar expressamente a política econômico-financeira do Brasil."

Mas o autor adverte para um perigo real: "Se os mercados financeiros continuarem negando capital ao Brasil, por temor de uma insolvência, o colapso se tornará cada vez mais provável – uma self-fulfilling prophecy", uma profecia que se autoconcretiza.