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Rupert Murdoch aumenta pressão sobre grupo de mídia Kirch

Neusa Soliz9 de fevereiro de 2002

Com dívidas de bilhões de euros, o magnata alemão da mídia Leo Kirch está com a corda no pescoço. Seu império poderá ser esfacelado. O australiano Murdoch é um dos interessados em entrar no mercado alemão.

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Leo Kirch, dono de um império prestes a desabarFoto: AP

Estão cada vez maiores as dificuldades do KirchGruppe. A maior empresa de mídia da Alemanha está endividada e luta por sua sobrevivência. Nesta sexta-feira, foi a vez do empresário australiano Rupert Murdoch aumentar a pressão sobre o grupo chefiado por Leo Kirch. Dono de um império da mídia maior que o de Kirch, Murdoch informou ao Financial Times que pretende cortar as relações com a empresa alemã. "Não vejo como continuar nossas relações sem colocar mais dinheiro no negócio, o que não estou disposto a fazer", teria dito o australiano ao diário econômico.

Opões de venda apertam corda no pescoço de Leo Kirch

Ao mesmo tempo, a firma de satélites britânica BSkyB, pertencente à News Corporation de Murdoch, comunicou que vai fazer uma provisão no valor de 1,6 bilhão de euros, por conta de sua participação de 22% na Premiere World. Trata-se da tevê por assinatura de Kirch, o projeto econômico que fracassou, endividando o magnata alemão. A firma britânica vai realizar a opção de venda dessa participação, que entra em vigor a partir de outubro, no valor de 2,6 bilhões de euros.

Leo Kirch dificilmente conseguirá dinheiro para reembolsar seu parceiro de negócios, que não vê a hora de entrar no mercado alemão, um dos poucos que ainda escapam à sua influência. Murdoch não é o único que quer ver a cor do dinheiro. Kirch já está em apuros para pagar 767 milhões de euros à Editora Springer, que também fez valer sua opção de venda na tevê por assinatura.

Dívidas de mais de 6 bilhões de euros

Como se isso não bastasse, o Dresdner Bank, um dos bancos credores de Kirch, deu um prazo para o pagamento de uma amortização de 400 milhões de euros. Ao todo, suas dívidas somam mais de 6 bilhões de euros pelas informações mais recentes, divulgadas esta semana. Somente ao Banco Estadual da Baviera, Leo Kirch deve 2,3 bilhões de euros. Entretanto os bancos fecharam suas torneiras de créditos e, diante da insolvência, só se vê duas alternativas para o seu império: ser assumido por Murdoch ou ser desmembrado e vendido a possíveis interessados na Alemanha.

Ação nacional para salvar o grupo?

A imprensa alemã mencionou a tentativa de uma "ação concertada" dos bancos e outras empresas de mídia para salvar o grupo Kirch. O semanário Spiegel noticiou um encontro secreto, do qual teriam participado o chanceler federal Gerhard Schröder, o presidente do Deutsche Bank, Rolf Breuer, o chefe da Editora e grupo de mídia Bertelsmann, Thomas Middelhoff e um dos proprietários do jornal WAZ. Em Hanôver eles teriam combinado uma "solução nacional" para desmembrar o império de Kirch e impedir que Murdoch exerça uma influência muito grande na Alemanha. Na quinta-feira (07), um porta-voz de Schröder apressou-se a desmentir a participação do governo em um acordo desse tipo.

O grupo Kirch possui vários canais de TV aberta, entre estes Sat1, Pro7, Kabell, o canal de esporte Deutsches Sportfernsehen e o de notícias, N24. Ele tem os direitos de transmissão dos jogos da Bundesliga e das Copas do Mundo de 2002 e 2006, bem como da Fórmula 1, pelo que o destino de seu império também têm implicações para o mundo do esporte.