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Saiba como "El Niño" afeta o clima do planeta

Brigitte Osterath (rpr)12 de maio de 2015

Após cinco anos, fenômeno parece estar de volta. Ele interfere nas características climáticas de várias regiões do planeta, podendo levar tempestades à América Latina e seca ao Sudeste Asiático.

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Enchente no Peru durante a última passagem do "El Niño"
Foto: AFP/Getty Images

O serviço meteorológico australiano confirmou nesta terça-feira (12/05) que o fenômeno "El Niño" está de volta. Registrado pela última vez há cinco anos, ele interfere nas características climáticas de várias regiões do planeta, especialmente no Sudeste Asiático e na América Latina.

Os efeitos são variados, podendo ir de chuva à seca, de acordo com a região. Ele pode, também, fazer com que uma estação do ano fique mais quente do que o normal. Entenda como funciona o fenômeno e suas consequências.

O que é exatamente o "El Niño"?

O "El Niño" é uma anomalia climática do Pacífico Sul: em intervalos regulares, as variações normais do tempo sofrem alterações. O fenômeno ocorre entre a costa oeste da América Latina e o Sudeste Asiático, mas seus efeitos podem ser sentidos em todo o mundo. Várias vezes, ele levou a desastres naturais.

Normalmente, águas quentes superficiais fluem, a partir da América Latina, em direção ao oriente. Enquanto águas geladas viajam no sentido contrário, nas profundezas do oceano. Nos anos em que o "El Niño" foi registrado, essas correntes ficaram mais fracas e, algumas vezes, chegaram a mudar de direção.

O fenômeno fez também com que a temperatura da água superficial da costa da Austrália e da Indonésia ficasse vários graus mais baixa, enquanto na América Latina ela aumentou. A última vez que o "El Niño" ocorreu foi entre 2009 e 2010. Ele costuma durar cerca de um ano.

Quais são os impactos no meio ambiente?

Corais, plâncton e algas morrem nas águas quentes da América Latina. Peixes migram, devido à falta de alimentos, o que acaba afetando a indústria pesqueira regional.

O aquecimento considerável da água também leva a áreas de baixa pressão na costa oeste da América Latina. Isso pode desencadear chuvas torrenciais e, como consequência, deslizamentos e enchentes.

Do outro lado do Pacífico – sobretudo na Indonésia e no norte da Austrália – acontece o contrário: secas, colheitas fracas e um risco maior de incêndios florestais. Durante o "El Niño", o fenômeno das monções, que geralmente leva à região a necessária chuva, pode chegar mais tarde ou simplesmente sequer acontecer.

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Seca é uma das consequência do fenômeno observadas no Pacífico SulFoto: picture-alliance/dpa

Quais são as causas do fenômeno?

Pesquisadores não sabem ao certo. Mas há indicações de que não seja causado por influência humana e que ele já exista há séculos. O que suspeita-se é que o efeito estufa possa fazer com que o "El Niño" ocorra mais frequentemente e de forma mais intensa.

De onde vem o nome "El Niño"?

As variações climáticas tendem a ser sentidas com mais força no período de Natal. Por isso, pescadores peruanos, os mais afetados pelo fenômeno devido à redução no número de peixes, resolveram chamá-lo de "El Niño", termo espanhol que, quando grafado em letra maiúscula, se refere ao menino Jesus.

Com que frequência ocorre o "El Niño"

Um estudo do centro alemão de pesquisas oceânicas Geomar, baseado em estimativas, aponta que o "El Niño" pode se tornar mais comum.

Até o ano de 2100, afirma o instituto, correntes de ar podem perder força e mudar de direção rumo a leste, o que levaria a um efeito "El Niño" permanente. Isso seria resultado do aquecimento global, mas seria pouco sentido de fato no clima.

Há, porém, evidências conflitantes. Dados coletados entre 1979 e 2013 sugerem que houve uma intensificação geral da circulação de ar, o que poderia agir, na verdade, contra o ciclo do "El Niño".