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Direitos Humanos

Agências (sm) 10 de julho de 2008

Logo após a França assumir a presidência da UE, Sarkozy volta atrás em sua ameaça de boicotar a abertura dos Jogos Olímpicos, provocando críticas severas por parte de parlamentares europeus.

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Nicolas SarkozyFoto: AP

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu sua polêmica decisão de comparecer à inauguração dos Jogos Olímpicos em Pequim. Em discurso proferido nesta quinta-feira (10/07) diante do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, ele argumentou que uma humilhação da China não implicaria nenhum avanço para os direitos humanos, voltando atrás – portanto – em sua ameaça de boicotar as Olimpíadas.

O chefe de Estado da França, país que acabou de assumir a presidência rotativa da União Européia, lembrou do peso da China como país mais populoso, afirmando "não acreditar ser possível boicotar um quarto da humanidade". Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China também poderia ser útil no combate às "escandalosas" violações dos direitos humanos na província sudanesa de Darfur e no conflito em torno da política nuclear do Irã.

Chance perdida de defender valores europeus

A decisão de Sarkozy comparecer à abertura dos Jogos Olímpicos havia recebido severas críticas, sobretudo porque ele fora o primeiro chefe de Estado a aventar um boicote contra o evento após a violenta repressão de protestos no Tibete em março passado. Em agosto, o líder espiritual dos tibetanos, Dalai Lama, fará uma visita de dez dias à França. Sarkozy cogita recebê-lo pessoalmente no país.

Tibet Demonstranten protestieren vor der chinesischen Botschaft in Berlin
Em Berlim, protestos contra violência no TibetFoto: AP

Neste ponto, ele já rejeitou qualquer interferência da China, declarando que não seria da competência de Pequim ditar a agenda do presidente da França. De acordo com um relato do diário francês Le Figaro, o embaixador chinês ameaçou "sérias conseqüências", caso o chefe de Estado francês receba pessoalmente o Dalai Lama.

Vários deputados europeus criticaram a decisão de Sarkozy de viajar à China. O líder da bancada verde no Parlamento Europeu, Daniel Cohn-Bendit, declarou que Sarkozy perdeu a chance de defender os valores europeus ao aceitar participar "desse espetáculo do regime comunista".

O líder da bancada liberal, Graham Watson, também exigiu que Sarkozy volte atrás. Sobretudo durante os seis meses em que a França estiver na presidência da União Européia e o presidente francês estiver representando a comunidade, ele deveria "demonstrar as virtudes européias e exigir respeito à dignidade humana", declarou Watson.

Na quinta-feira, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que condena expressamente a China por violação sistemática dos direitos humanos. O documento exige que Pequim passe a respeitar os direitos humanos no país, cumprindo aquilo a que se comprometeu o Comitê Olímpico. O Parlamento Europeu exige "indulto a todos os prisioneiros políticos e ativistas de direitos humanos".

Tratado de Lisboa ou de Nice?

No discurso proferido em Estrasburgo, Nicolas Sarkozy também reiterou que a presidência francesa da UE pretende encontrar uma solução para a crise constitucional européia, após os irlandeses terem rejeitado o Tratado de Lisboa no plebiscito de junho. Ele pretende buscar junto com o governo irlandês uma solução para o impasse nos próximos encontros de cúpula da comunidade, em outubro e dezembro.

O presidente francês rejeitou terminantemente uma renegociação do Tratado Constitucional já ratificado em 21 dos 27 países-membros. Neste ponto, ele foi categórico: a única alternativa ao tratado que facilitaria a reforma institucional da UE seria se ater ao Tratado de Nice. Isso significaria o fim da ampliação da União Européia.

Diante do Parlamento Europeu, Sarkozy também reiterou que a proteção do clima é a prioridade absoluta do mandato francês na presidência da UE. Ele também alertou que a Europa ainda tem que encontrar uma resposta aos temores da população em relação à globalização: "A Europa tem que proteger, sem ser protecionista".

Quanto às atuais negociações sobre livre comércio mundial, ele considera legítimo a UE se recusar a abolir certas barreiras comerciais. Além disso, Sarkozy também exigiu um controle mais rígido dos mercados financeiros.

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