1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

União Européia

DW/Agências (rb/ca)8 de dezembro de 2008

Presidente francês e premiê britânico se encontraram em Londres para discutir pacote conjuntural da União Européia. Merkel não foi convidada. "Sarkozy e Brown desafiam Merkel", afirmou imprensa francesa.

https://p.dw.com/p/GBoh
Londres e Paris mantêm mesma linha na política conjunturalFoto: AP

Com vista ao encontro de cúpula da União Européia (UE) nesta semana, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o premiê britânico, Gordon Brown, encontraram-se informalmente nesta segunda-feira (08/12) em Londres para discutir principalmente os planos de investimento maciço da UE em infra-estrutura.

No entanto, Angela Merkel, chefe de governo da maior economia européia, não foi convidada. Jornais britânicos e franceses interpretaram o fato como uma tentativa do Reino Unido e da França de fazer pressão sobre a Alemanha para que aumente sua contribuição ao planejado pacote conjuntural europeu.

Nesta segunda-feira, em Berlim, o porta-voz do governo alemão, Ulrich Wilhelm, afirmou que Merkel aposta numa coesão da UE quanto à iminente decisão de apoio à economia. Segundo ele, Merkel acertara por telefone uma estreita cooperação com Brown e Sarkozy no final de semana.

Dois pacotes dominarão o encontro dos 27 chefes de Estado e governo, que se realizará na quinta e sexta-feira próximas em Bruxelas: o pacote conjuntural de 200 bilhões de euros da UE e o ainda mais controverso pacote de proteção climática do bloco.

Desafio a Merkel

Deutschland Angela Merkel vor Europa Karte
Merkel não quer gastar mais que o planejadoFoto: AP

Em Paris, falou-se de um bloqueio da Alemanha antes da cúpula da UE. Sarkozy teria procurado antecipadamente uma aproximação com os países da Europa Central e Oriental quanto a um acordo sobre o clima, do qual a Alemanha não mais poderia se esquivar.

Agora, o presidente do Conselho da UE voa a Londres para fechar uma aliança de combate à crise com o premiê Brown. "Sarkozy e Brown desafiam Merkel" foi a manchete do diário francês Le Fígaro desta segunda-feira.

Paris e Londres fazem pressão sobre Berlim porque a Alemanha possui o que os outros dois países não têm: margem de manobra de orçamento. Enquanto Sarkozy e Brown enfrentam imensos buracos orçamentários, a grande coalizão de governo conseguiu reduzir seu déficit praticamente a zero na Alemanha.

Mas os "virtuosos" alemães não querem se responsabilizar pelos "desperdícios" da União Européia. Todas as sugestões de Paris ou Bruxelas "apontam para que os alemães paguem", afirmou o ministro alemão das Finanças, Peer Steinbrück. Nas últimas semanas, a Alemanha aprovou um pacote de 32 bilhões de euros para aliviar empresas, consumidores e famílias. Até o momento, Merkel não pretende gastar mais do que isso.

Diferenças e semelhanças

A renitência do governo alemão em gastar mais dinheiro tem vários motivos. Primeiramente, a economia alemã é estruturada de forma diferente. Ela está, por exemplo, bem mais marcada por empresas de pequeno e médio porte do que a francesa. Os britânicos, por sua vez, estão muito mais condicionados ao setor financeiro e ao ramo imobiliário que os alemães.

Em segundo lugar, o ministro Peer Steinbrück salienta freqüentemente que, se, além das medidas nacionais, um pacote conjuntural da UE for aprovado, a Alemanha acabará pagando a maior parcela. E, por último, o governo alemão não quer se endividar tanto como o britânico. No Reino Unido, o endividamento público atingirá 8% do PIB no ano que vem.

Por outro lado, a política conjuntural de Londres e Paris corre, surpreendentemente, de forma paralela. Ambos os países anunciaram um programa bienal da ordem de 1,3% do PIB. Ambos evitam gastos extras a longo prazo e estão de olho na infra-estrutura e na liquidez. E ambos esperam grandes decisões por parte do novo presidente norte-americano Barack Obama.

Encontro informal

Além do presidente francês e do premiê britânico, estiveram presentes na reunião em Londres o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, e representantes do setor econômico.

Através de seu porta-voz, o premiê britânico, Gordon Brown, descartou qualquer tipo de bloqueio à Alemanha devido à ausência de Merkel. Brown afirmou que o encontro em Londres não se tratou de uma cúpula nem de uma reunião de vários governos, mas teria sido informal como vários outros que costumam acontecer.

Comentando a reunião desta segunda-feira em Londres, o vice-porta-voz do governo alemão, Thomas Steg, afirmou que "quem quer que se encontre o fará na clara consciência de que, sem a Alemanha, nada acontece".