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Schröder apóia nova ajuda do FMI à Argentina

(ns)15 de fevereiro de 2002

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, encerrou em Buenos Aires sua viagem à América Latina. "Os amigos se conhece na hora da necessidade", disse Schröder ao prometer o apoio da Alemanha junto ao FMI.

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Schröder e o presidente argentino, Eduardo Duhalde, em Buenos AiresFoto: AP

O chefe de governo alemão, Gerhard Schröder, pronunciou-se favorável à retomada da ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional à Argentina. Os créditos deverão fluir paulatinamente à medida em que o governo do presidente Eduardo Duhalde comece a implantar seu programa de reformas e saneamento.

Schröder não prometeu ajuda bilateral. Como seu governo por pouco não foi repreedido pela União Européia por seu alto déficit orçamentário, Schröder está, se não de mãos amarradas, de "carteira amarrada" no que se refere a oferecimento de parte da Alemanha. No entanto, pretende fazer valer sua influência junto ao FMI e disse que irá conversar com seu diretor geral, o alemão Horst Köhler.

O alerta de Schröder

- "O que não pode se formar, agora, é um círculo vicioso", disse Schröder à imprensa em Buenos Aires, após conversar com o presidente argentino. "Isso aconteceria se se exigisse da Argentina concluir primeiramente o programa de contenção e, por outro lado, Buenos Aires só quisesse fazer isso com ajuda internacional", disse Schröder, expondo o impasse, se a crise não for atacada de ambos os lados.

Pouco antes de que o premiê alemão aterrissasse em Buenos Aires, partiu o primeiro cargueiro argentino com carne de gado rumo à Europa. Os bifes da Argentina novamente podem ser vendidos na União Européia, após quase um ano de proibição. Dificilmente isso bastará para salvar o país da falência, mas foi um gesto e a única coisa de concreto que Gerhard Schröder levou de presente a Buenos Aires.

Reformas e programa de emergência

- O chanceler alemão recomendou a pronta execução das reformas anunciadas por Duhalde, com quem Schröder se reuniu nesta sexta-feira, antes de embarcar para a Alemanha, encerrando sua viagem de cinco dias à América Latina. O chefe de governo alemão cancelou uma visita a um museu, onde se encontraria com intelectuais, alegando "negócios urgentes" em Berlim.

Elaborado em poucas semanas, o programa de emergência de Duhalde foi questionado pelo governo alemão antes da visita. Ele não seria suficiente para mover o Fundo Monetário Internacional a liberar novos créditos. Para os alemães, o projeto de orçamento contém muitos dados irreais e o que na Alemanha se chama ironicamente de "contabilidade criativa".

No jantar que ofereceu a Schröder na quinta-feira (14), Duhalde disse que seu governo e a população iriam "criar uma nova Argentina", conclamando a Alemanha e a Europa a darem sua colaboração. Ele agradeceu a Schröder pela visita em momentos tão difíceis, que demonstraria o "apoio e compreensão" da Alemanha. O estadista alemão é o primeiro governante do G-7 a visitar a Argentina desde que a crise tornou-se mais aguda.

Como todo político em visita oficial, Schröder mal teve contato com os aspectos desagradáveis da crise argentina, pobreza, desemprego em massa, falências. Em parte porque a situação já não está tão explosiva e não ocorreu o que se temia, que o peso, uma vez desatrelado do dólar, disparasse em queda. Um grupo de desempregados, que pretendia bloquear a estrada do aeroporto na chegada de Gerhard Schröder, acabou desistindo da ação.

Engajamento alemão na América Latina

- A Argentina foi a escala mais difícil da visita iniciada no domingo (10), na Cidade do México. "A Alemanha deve se engajar mais na América Latina. Não podemos deixar o mercado para os americanos", constatou Schröder, em Brasilia. As empresas alemãs pouco participaram das privatizações com investimentos diretos nos últimos anos, e agora trata-se de recuperar as chances que não estão totalmente perdidas, o que pode se dar, no Brasil, principalmente nos setores de infra-estrutura, energia e reforma dos portos.

O chanceler social-democrata e os empresários

- Schröder não somente viajou acompanhado de uma numerosa delegação de empresários – tanto de multinacionais alemãs, como de empresas pequenas e de médio porte – como não se incomoda de ser chamado de "abre-alas" da iniciativa privada. "Nenhum dos chefes de governo que conheci pessoalmente e pouquíssimos políticos ouvem com tanta atenção sobre problemas econômicos e tomam providências, a partir do que ouviram, como faz Gerhard Schröder". O elogio partiu, nada mais nada menos, do conceituado consultor Roland Berger.

O presidente da Confederação das Indústrias Alemãs (BDI), Michael Rogowski, outro acompanhante de Schröder, também só tem elogios ao social-democrata que governa em coalizão com o Partido Verde. "Ele desempenha seu papel muito bem. Schröder está em atividade desde as primeiras horas do dia até altas horas da noite. Ele ouve o que a iniciativa privada deseja e expõe o assunto. Não temos do que nos queixar, pelo contrário", diz Rogowski, deixando suas divergências com o político social-democrata para discutir em casa. No exterior, o importante é cuidar de manter e ampliar os mercados para um país exportador por excelência.

Contratos cancelados - O ministro da Economia, Werner Müller, que também fez parte da delegação, admitiu a hipótese de voltar a liberar os seguros "Hermes" para empresas alemãs que queiram investir na Argentina. Eles estão suspensos devido a uma disputa legal em torno de contratos rompidos com empresas alemãs.

O caso que mais chamou a atenção foi quando o governo de Buenos Aires cancelou um contrato com a Siemens para a fabricação de carteiras de identidade, alegando um preço excessivo por unidade. A Siemens processou o governo argentino por isso. Seu presidente, Heinrich von Pierer, que também integrou a delegação, está tentando negociar uma solução.