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Schröder, Chirac e Blair querem um supercomissário

Neusa Soliz19 de fevereiro de 2004

Em seu encontro em Berlim, Gerhard Schröder, Jacques Chirac e Tony Blair lançaram uma iniciativa por maior crescimento na Europa e sugeriram um novo cargo na hierarquia de Bruxelas.

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Encontro dos "grandes" em Berlim sob a mirada crítica dos demaisFoto: AP

Alemanha, França e Grã-Bretanha pretendem centralizar a política econômica da União Européia nas mãos de um "supercomissário". Para isso, sugeriram a criação do cargo de vice-presidente da Comissão. Ele coordenaria o trabalho dos comissários cujas pastas têm relevância para a política econômica, como as de Comércio, Mercado Interno, Livre Concorrência e Indústria.

Em seu encontro na quarta-feira (18) em Berlim, o chanceler federal alemão Gerhard Schröder, o presidente francês Jacques Chirac e o primeiro-ministro britânico Tony Blair lançaram uma iniciativa em prol de maior crescimento, que inclui uma proposta de reestruturação da Comissão Européia.

Competitividade, metas e interesses industriais

Em carta enviada ao presidente da Comissão, Romano Prodi, e à presidência irlandesa da UE, os três políticos apresentam suas sugestões para tornar a Europa mais competitiva. Só assim há chance de serem atingidos os objetivos fixados em Lisboa, de que a União Européia lidere a economia mundial até 2010. As propostas devem servir de base para o próximo encontro de cúpula da UE, em março.

Gerhard Schröder bei VW in Brasilien
Schröder ao visitar a VW do Brasil em São Bernardo em 2002Foto: AP

Por detrás dessa exigência está a crítica, principalmente de Schröder, de que a Comissão tem negligenciado os interesses político-industriais. Neste contexto, é bom lembrar que empresas alemãs como a Volkswagen foram condenadas a pagar multas por subvenções recebidas indevidamente segundo os guardiões da livre concorrência em Bruxelas. E esses não foram os únicos casos em que a UE entrou em conflito com os interesses do setor industrial.

Prioridades

"A Europa tem que colocar, claramente, o crescimento econômico e a criação de empregos como suas prioridades", ressaltou Schröder. O documento elaborado com Chirac e Blair defende principalmente três pontos:

  • que as atividades econômicas se voltem com maior intensidade para as tecnologias de ponta com potencial de crescimento;
  • reformas sustentáveis do sistema social e do mercado de trabalho;
  • redução de obstáculos burocráticos para empresas.

Não foi citado nenhum nome para ocupar o cargo, embora nos bastidores se afirme que Schröder quer ver um alemão no posto. Essa seria a maneira de garantir maior influência para o país com a economia mais forte da EU, agora que ela terá 25 comissários.

A atual Comissão permanece até meados do segundo semestre, cabendo aos chefes de governo da UE o papel central na escolha do novo órgão executivo. A Comissão e seu presidente, porém, têm que ser confirmados pelo Parlamento Europeu, a ser eleito em junho.

Rebatendo as críticas dos excluídos

Jose Maria Aznar Lopez bei Gerhard Schröder Pressekonferenz
O primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar (à esquerda), é um dos chefes de governo da UE que criticou, como seu colega italiano Berlusconi, o encontro dos três em BerlimFoto: AP

Os três chefes de Estado e governo rebateram as críticas de outros países da UE - velhos e novos membros - de que pretendiam formar uma "diretoria européia" (Berlusconi). "Não queremos dominar ninguém, muito menos a Europa", disse Schröder. "O que fazemos é pensando nas pessoas nos nossos países, e portanto para a Europa, não se voltando contra ninguém."

Jacques Chirac também tratou de fazer algo corriqueiro do encontro que reaproximou Tony Blair do eixo teuto-francês: "Eu realmente não entendo o sentido dessa crítica. Há encontros entre os mais diversos países da União Européia, e isso sempre houve. Nós temos regularmente consultas teuto-francesas e não há nada de novo e revolucionário nisso. Nós quisemos conversar sobre problemas gerais, de interesse de toda a Europa."

Do encontro em Berlim partiu um impulso importante para a Europa. Agora, trata-se de mostrar sensibilidade, modéstia e a maior abertura e transparências possíveis, observa a editorialista Judith Hartl da Deutsche Welle:

" Só assim os três grandes evitarão que os pequenos países se sintam dominados por uma espécie de 'diretoria'. A advertência é dirigida principalmente ao presidente Jacques Chirac, que várias vezes já virou a mesa, como se quisesse forçar seus filhos indisciplinados a obedecerem - e alcançou exatamente o contrário do que queria."