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Schröder promete na Normandia que vítimas não serão esquecidas

rw6 de junho de 2004

Pela primeira vez, um chefe de governo alemão participa das festividades pelo desembarque na Normandia. Na cerimônia dos 60 anos do Dia D, Gerhard Schröder enalteceu os aliados por terem derrubado a ditadura de Hitler.

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Chirac recebeu Schröder para as festividadesFoto: AP

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, foi o primeiro chefe de governo da Alemanha a participar, neste domingo (6/6), das festividades em Arromanches pelo desembarque das tropas aliadas no norte da França, que marcou o início do fim da Segunda Guerra Mundial e do regime de Hitler. Entre os convidados de honra, também pela primeira vez estava um presidente russo.

Jacques Chirac agradeceu aos aliados pela libertação da Europa do nazismo e disse que a conciliação entre a Alemanha e a França foi "modelo". A Alemanha e os antigos aliados comemoram "a vitória conjunta da paz e da democracia", disse o presidente francês diante dos convidados de honra de outros 15 países, entre os quais George Bush, Tony Blair, e a rainha Elizabeth, além de Vladimir Putin.

França e EUA, aliados inseparáveis

"A França jamais esquecerá o que deve à América e aos Aliados que libertaram a Europa", disse Chirac num discurso no cemitério norte-americano de Colleville-sur-mer, na presença do presidente dos Estados Unidos.

George W. Bush, por seu lado, afirmou que a França foi "a primeira amiga dos Estados Unidos no mundo", em alusão ao apoio francês aos EUA durante a guerra da independência contra os ingleses, no final do século 18. E acrescentou que ambos os países são aliados inseparáveis, deixando claro que as diferenças em relação à invasão do Iraque são consideradas episódio superado.

Schröder: vítimas jamais serão esquecidas

Após depositar duas coroas de flores (uma em memória aos alemães e outra aos soldados dos aliados) no cemitério militar de Ranville, Gerhard Schröder participou da cerimônia teuto-francesa, ao lado de Jacques Chirac, no memorial da Paz em Caen.

Em seu pronunciamento, o premiê alemão ressaltou que a queda de Hitler foi obra dos aliados do Leste e do Ocidente, acrescentando que ninguém esquecerá os 12 anos da ditadura nazista, que marcaram sua infância. Falou, também, do pai, que nunca conheceu, e que está sepultado na Romênia.

"Não estou representando a velha Alemanha daqueles tempos sombrios. Meu país encontrou o caminho de volta ao círculo da sociedade civilizada. Foi um longo caminho até a democracia estável", completou o chefe de governo.

"Responsabilidade pela paz e direitos humanos"

A queda da ditadura Hitler empregou patriotas e soldados, destacou o político social-democrata. "E, pelo fato de nós, alemães, sabermos disso, não somos pacifistas", continuou Schröder, argumentando que os alemães não estão dispostos a pegar em armas precipitadamente, mas "onde a intervenção militar foi e é necessária, a Alemanha não foge de sua responsabilidade pela paz e pelos direitos humanos".

Ao lembrar as vítimas de 60 anos atrás, o chefe do governo alemão prometeu que as mortes não foram em vão: "Vivemos em liberdade e paz, lhes agradecemos por isso. E prometemos: As vítimas jamais serão esquecidas", concluiu Gerhard Schröder.

Em 1994, o presidente francês na época, François Mitterrand, já havia convidado o então chefe de governo alemão para as cerimônias, alegando que a guerra de 1944 havia sido travada unicamente contra o nazismo e não contra os alemães, mas Helmut Kohl havia recusado o convite de forma discreta.

Festa de superlativos

Esta foi a maior comemoração de todos os tempos pelo desembarque na Normandia. Ela foi dividida em várias festividades. A cerimônia internacional, em Arromanches, reuniu 5800 convidados, entre veteranos, chefes de Estado e de governo e respectivas delegações, personalidades civis, militares e religiosas.

Doze antigos membros do comando que desembarcou na Normandia na madrugada de 6 de junho de 1944 sob uma chuva de balas e fogo de artilharia pesada foram condecorados com a Legião de Honra, assim como 13 estrangeiros representantes dos 13 países que participaram nos combates do Dia D. Também veteranos alemães participaram, mas em trajes civis, da cerimônia franco-alemã no memorial da Paz em Caen.