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Sem acordo sobre a Síria, Moscou destaca economia em cúpula UE-Rússia

4 de junho de 2012

Em sua primeira reunião de cúpula com a União Europeia desde que voltou à presidência russa, Vladimir Putin evitou comentar a violência na Síria. Ele cobrou o fim da exigência de visto para a entrada de russos na Europa.

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Foto: dapd

Ao fim do encontro de cúpula nesta segunda-feira (04/06), União Europeia e Rússia admitiram não ter chegado a uma posição comum sobre o tópico mais polêmico da agenda: o conflito na Síria. "Os dois lados têm visões muito diferentes", comentou Herman van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, em São Peterburgo.

Em sua primeira reunião de alto nível com o bloco europeu desde que assumiu novamente a presidência, Vladimir Putin disse apenas que os líderes tocaram no assunto, mas não quis fazer comentários.

A Rússia, tradicional aliada da Síria, tem bloqueado – juntamente com a China – sanções contra o presidente Bashar al-Assad no Conselho de Segurança da ONU. O líder sírio é acusado de reprimir com violência as manifestações contra seu governo. Em 15 meses de conflito, estima-se que mais de 10 mil pessoas tenham morrido nos confrontos, segundo dados das Nações Unidas.

Crise e negócios à moda russa

Putin pediu agilidade no processo de liberação da entrada de russos no território da União Europeia, sem a exigência de visto. "Na minha opinião, o temor de uma onda de migrantes trabalhadores da Rússia parece muito exagerado. O mesmo vale para os elementos criminosos", disse Putin, acrescentando que "é impossível haver uma verdadeira parceria enquanto existir uma barreira de visto".

Quanto a esse ponto, houve concordância do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. "Um espaço sem vistos para viagens entre a Rússia e a União Europeia é um objetivo comum e já conseguimos alguns êxitos neste campo", concluiu.

O presidente russo mencionou a crise que aflige países da Europa: "Esperamos que os nossos colegas da zona do euro consigam vencer as dificuldades. Estamos convencidos de que [as medidas de contenção da crise] não são palavras vazias, mas uma política boa e madura."

A União Europeia é a maior parceira comercial da Rússia. Os países do bloco europeu têm grande dependência do gás russo. Numa relação marcada por divergências em tópicos como regulamentação do comércio e direitos humanos, Putin pediu aos europeus que as conversações avancem de "maneira mais pragmática, voltada para os negócios, sem qualquer ideologia ou estereótipos".

Direitos humanos na berlinda

Herman van Rompuy usou palavras de impacto para pedir que a Rússia reforce o papel da sociedade civil no país. "Os direitos humanos são uma preocupação nossa", disse, adicionando que uma parceria entre as duas partes envolveria todos os campos, inclusive Justiça e sociedade.

Moscou quer cobrar multa elevada de civis que saírem às ruas em manifestações de protesto não autorizadas. Nos últimos meses, milhares de manifestantes participaram de passeatas contra o governo russo. Putin afirmou que esses protestos precisam ser "regulamentados" por lei. A Rússia, rebateu, "precisa colocar em práticas algumas leis que já são aplicadas por muitos países europeus para regulamentar atividades como essas [manifestações populares]".

Vladimir Putir voltou à presidência em maio último, mas já esteve 12 anos no comando do país. Neste atual retorno, ele promete uma maior integração entre as repúblicas da ex-União Soviética. Na reunião em São Petersburgo, Putin disse aos líderes europeus que o plano de transformar as alianças comerciais entre Belarus e Casaquistão numa União Econômica da Eurásia, o que deve acontecer até 2015, não vai prejudicar a relação com a União Europeia.

NP/rts/lusa/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque