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Serviços públicos ameaçam parar a Alemanha

lk6 de janeiro de 2003

As negociações salariais para os serviços públicos fracassaram, após uma tentativa de mediação. A Alemanha está diante de uma ameaça de greve no setor, a primeira desde 1992.

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Hans Koschnick (d.) e H. Lehmann-Grube, os árbitros na contenda salarialFoto: AP

Sobre a Alemanha paira a ameaça de uma greve dos trabalhadores em serviços públicos, tais como transportes e limpeza, aeroportuários e outros. Após quatro dias de negociações entre representantes da União, dos estados e dos municípios, de um lado, e do poderoso sindicato Ver.di, de outro, a proposta apresentada pela comissão de arbitragem foi rejeitada pelos empregadores públicos.

A proposta prevê um aumento em duas fases para os quase três milhões de trabalhadores em serviços públicos do país: 2,4% retroativamente a partir de 1º de janeiro deste ano, mais 0,6% a partir de 1º de janeiro de 2004. O acordo coletivo teria duração de pelo menos 18 meses. Além disso, o nível dos salários no leste do país deveria ser elevado progressivamente em seis etapas, até atingir o nível do oeste em 2007.

Resta uma esperança

Um novo encontro dos representantes de ambas as partes está agendado para quarta-feira (08). O Ver.di, que considera a proposta da arbitragem razoável, vai decidir ainda no decorrer desta segunda-feira como proceder. Os empregadores, que devem apresentar então uma nova proposta, acentuam não estar interessados numa greve — que na opinião geral teria conseqüências dramáticas na atual conjuntura —, mas insistem em que os cofres públicos estão vazios.

O político social-democrata Hans-Koschnik, que dirigiu a comissão de arbitragem, deixou transparecer, por sua vez, seu descontentamento com a posição dos empregadores públicos. Ele calcula que a diferença entre a proposta da arbitragem e a dos empregadores perfaz 1,5 bilhão de euros, mas os prejuízos gerados por uma greve geral para a economia serão muito maiores, acentua. Segundo Koschnick, existe ainda a possibilidade de um consenso, desde que ambas as partes sejam flexíveis. "Se as duas insistirem em suas respectivas posições, a greve é inevitável."

Precedentes graves

A última greve dos trabalhadores em serviços públicos na Alemanha ocorreu em 1992. Na ocasião, o sindicato antecessor do Ver.di, o ÖTV, conseguiu impor após 12 dias de paralisação aumentos salariais lineares de 5,4%. Mais graves foram as conseqüências da contenda salarial de 1974. Aumentos de 11%, após três dias de greve, foram uma das causas da posterior renúncia do então chefe de governo Willy Brandt.

O chanceler federal Gerhard Schröder manifestou esperança de um consenso, em entrevista à revista Der Spiegel: "Aposto na sensatez e num resultado da arbitragem que seja aceitável para ambas as partes". Para Dieter Hundt, presidente da Confederação Nacional das Entidades patronais, "na atual miséria da conjuntura econômica e diante de quatro milhões de desempregados, uma greve seria a última coisa de que a Alemanha precisa".