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Sex shops

20 de abril de 2010

A Alemanha não esconde a abundância de sex shops em todos os centros urbanos e shoppings centers. Mas na era da internet banda larga, o comércio está sendo forçado a repensar sua estratégia de vendas.

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Foto: Beate Uhse AG

Há muito tempo o nome Beate Uhse é sinônimo de comércio de produtos eróticos, e é assim que a empresa vem obtendo grande sucesso desde 1962. Mas o mercado está mudando. A rede de lojas começou a perder clientes, pois grande parte das pessoas passou a buscar sua fonte de satisfação na internet.

Quando Serge van der Hooft, chefe-executivo da Beate Uhse, apresentou as contas da empresa em Hamburgo, nesta semana, ele atribuiu as perdas da companhia à pornografia virtual. Em 2009, o faturamento da Beate Uhse foi de 231 milhões de euros, 10% menos do que em 2008. O lucro operacional da empresa caiu em 300 mil euros, somando apenas 2,8 milhões.

Beate Uhse Premium Erotikshop Dortmund
Loja da Beate Uhse em DortmundFoto: Beate Uhse AG

"O comércio de DVD era a principal fonte de faturamento", disse van der Hooft, adicionando que, há 10 anos, 50% do lucro da companhia provinha da venda de filmes. "Agora, esse negócio está morto", disse o chefe da empresa.

Mudando a estratégia

Para tentar atrair mais mulheres e casais para as lojas e compensar a queda nas vendas de DVD, a Beate Uhse está apostando em produtos que dão um toque de erotismo ao cotidiano, como toalhas, lâmpadas, camas, roupas e até tábuas de passar roupa.

"Para nós, o erotismo começa de manhã, com o roupão adequado, e termina à noite, com um jantar à luz de velas", disse Assia Tschernookoff, porta-voz da Beate Uhse.

Essa pode ser uma saída para a empresa, que é conhecida por suas roupas íntimas ousadas, seus instrumentos eróticos e suas cabines de vídeo. A nova estratégia deverá ser implementada nas 55 lojas próprias e em 55 franquias da marca.

"Estamos abrindo lojas especiais nos centros urbanos e espaços de diversão na periferia das cidades", disse Tschernookoff. Para ela, os espaços de diversão são adequados para filmes e entretenimento, enquanto as lojas urbanas são mais apropriadas para produtos de luxo e ofertas de wellness.

Foco na apresentação dos produtos

Enquanto Tschernookoff diz que a repercussão da estratégia está sendo muito boa, o diretor da Orion, maior concorrente da Beate Uhse, acredita não ser necessário se aventurar pelo erotismo holístico, por assim dizer.

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Alternativa para as vendas: tábua de passar eróticaFoto: Beate Uhse AG

"Nossos clientes esperam um certo grau de variedade de produtos", disse Jens Seipp, porta-voz da Orion. Na sua visão, ninguém vai a uma loja erótica para comprar "toalhas e lençóis".

A Orion também está enfrentando dificuldades na venda de DVDs, devido à pornografia barata disponível na internet. Mas, segundo Seipp, a loja está contornando bem o problema.

"Temos uma ampla seleção de instrumentos eróticos e roupas íntimas. Uma forma de recuperarmos as perdas é reestruturar nossas lojas para dar destaque a esses outros produtos", explicou Seipp.

A cadeia da Orion, que conta com 150 lojas em toda Alemanha, sempre apostou em espaços bem iluminados. Mas agora está introduzindo mesas de exibição onde os clientes podem se sentir à vontade para tocar e cheirar os produtos antes de levá-los para casa.

"Isso faz uma grande diferença, pois as pessoas querem saber o que estão comprando", argumentou Seipp. "A maior vantagem que temos em relação à internet é que podemos aconselhar nossos fregueses, a fim de que eles possam obter justamente aquilo que querem."

Atraindo mulheres

Seipp acredita que os desejos eróticos dos alemães estão se transformando gradualmente. Anos atrás, os clientes ainda se contentavam em comprar um instrumental erótico padrão, mas agora preferem os produtos em oferta ou se preocupam em escolher bem o que vão levar para casa. Isso se aplica tanto a homens como a mulheres.

Para Lothar Schwier, diretor da Novum, uma outra rede de lojas eróticas, a sexualidade parece ter se desenvolvido na Alemanha durante as duas últimas décadas. O papel feminino também mudou. "Hoje são as mulheres que levam os homens para as lojas", disse Schwier.

Alguns atribuem essa maior abertura feminina para o sexo ao advento da internet e a séries de televisão como Sex and the City. Já outros consideram isso um desenvolvimento inevitável da sociedade.

O motivo pelo qual as mulheres passaram a frequentar sex shops é secundário. Para os empresários, agora que elas foram atraídas, devem permanecer onde estão.

Autora: Tamsin Walker (dd)
Revisão: Simone Lopes