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Siderúrgica desativada é local de treinamento para alpinistas

Christoph Ricking (md)2 de setembro de 2013

Antiga siderúrgica no Vale do Ruhr oferece espaço para cultura e esportes radicais. No Parque Duisburg-Nord, o Clube Alpino Alemão montou o maior parque de escaladas da Alemanha.

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Foto: DW/Ch. Ricking

Já estão todos lá, quando entro na filial de Duisburg do Clube Alpino Alemão, a maior associação de alpinistas do mundo. Sete alpinistas amadores querem fazer comigo hoje uma excursão num parque de alpinismo. Ele fica no Parque Duisburg-Nord, uma antiga usina siderúrgica convertida em um parque para recreação. Começamos a escalada, ou seja, não apenas subindo direto até o topo, mas fazemos como nas montanhas, subindo e, às vezes, descendo, indo para um lado e para o outro, sempre seguros por uma corda.

Os outros são muito mais bem preparados do que eu. Thomas e Stefan deixam seus cintos de segurança, mosquetões e capacetes espalhados sobre uma mesa. "Não fazemos isso profissionalmente, mas já escalamos várias vezes", explicam os irmãos, da cidade de Mülheim an der Ruhr. Junto com um amigo, eles querem treinar aqui para uma ida ao Zugspitze, a montanha mais alta da Alemanha. Já eu estou fazendo uma escalada pela primeira vez e ainda não sei o que em espera lá em cima. A maioria trouxe o seu próprio equipamento. Eu pego os apetrechos necessários emprestados do Clube Alpino.

Mais de 450 vias de escalada

Horst e Sonja Neuendorf, do Clube Alpino, são nossos guias. Embora ambos certamente já estejam em idade de se aposentar, parecem muito em forma ​​e fortes. Pergunto a Horst há quanto tempo ele faz escaladas. "Há mais de 30 anos", responde.

Kletterpark Duisburg
Nos cabos de aço presos na parede, alpinistas se aquecem para a escaladaFoto: DW/Ch. Ricking

Horst me dá o meu equipamento. Um capacete, um cinto de segurança de alpinista (conhecido como "cadeirinha") e duas cordas curtas com três mosquetões. Ele nos mostra os principais nós do montanhismo, com os quais prendemos os mosquetões na cadeirinha. São nossa proteção contra uma queda.

O parque de escalada está localizado nas chamadas Bunkertaschen, enormes recipientes de concreto onde eram armazenados minério de ferro ou carvão nos tempos de funcionamento da usina. Eles têm cerca de 40 metros de comprimento, 15 metros de largura e 12 metros de altura. Nas paredes verticais de concreto, é possível fazer escaladas.

Horst ajudou na preparação deste espaço para escaladas. "Quando recebemos essa área no início da década de 90, a usina siderúrgica já estava fechada há vários anos. Tudo estava coberto por plantas. Esta foi uma tarefa bastante difícil", reconhece. Hoje, existem aqui mais de 450 vias em nove diferentes níveis de dificuldade. E a cada dia surgem novas vias.

Bastante altura

Entramos em um dos enormes recipientes. A uma altura de cerca de um metro e meio, um fio de aço é esticado e preso na parede de concreto. Esta é uma via de treinamento. Nela, Horst nos mostra como subir na parede. Ele segura o cabo, prende os dois mosquetões nele e vai subindo, colocando os pés em pequenos buracos ou pequenas protuberâncias. Parece simples, mas cansa bastante os braços.

Kletterpark Duisburg
Os 12 metros parecem bastante quando vistos de cimaFoto: DW/Ch. Ricking

A partir daí, a coisa fica séria. Nós escalamos a parede. Na minha frente está Hannah, que treina com seu pai para passar férias escalando os Alpes. "Você acha que consegue com esses seus tênis?", ela me pergunta, apontando para meus calçados. "Não vai ser problema", eu respondo, sem muita convicção.

Estou duplamente seguro pelas cordas, mas, mesmo assim, tenho uma sensação de enjôo no estômago. De baixo, a parede não parecia tão alta. Mas de cima a altura é bastante ameaçadora. Horst parece ler meus pensamentos. "Aqui não pode acontecer nada", garante, tentando me tranquilizar. "Só não olha para baixo." Então, eu olho fixo para o paredão e continuo escalando, com mãos úmidas. É soltar o primeiro mosquetão e depois voltar a prendê-lo. Em seguida, é a vez do segundo, e assim por diante.

Kletterpark Duisburg
O segredo é não olhar para baixo e se concentrar no paredãoFoto: DW/Ch. Ricking

Na verdade, eu queria tirar fotos durante a escalada, mas não me atrevo a pegar a câmera e me segurar só com uma mão. A coisa toda cansa bastante os braços, mas força ainda mais os pés. Hannah tinha razão, meus tênis não são nem um pouco adequados para a escalada. A sola tem poucas ranhuras, e tenho que ter cuidado para não escorregar no concreto liso. A parede tem pontos de apoio de poucos centímetros, e em algum momento meus dedos começam a ficar dormentes.

Exemplo de mudança estrutural

Depois de um tempo, cheguei a 12 metros de altura e alcanço o topo da parede. Ela tem cerca de meio metro de largura, o que torna possível andar sobre ela, embora com um sentimento meio esquisito. A vista é espetacular. Podemos enxergar muito além do Vale do Ruhr, até o rio Reno.

Kletterpark Duisburg
A vista compensa o esforço da subidaFoto: DW/Ch. Ricking

O verde da paisagem surpreende, em uma região dominada pelas indústrias. Chaminés e velhos alto-fornos completam o horizonte. Lá no fundo, gira uma turbina de vento. O Parque Duisburg-Nord é um exemplo de mudança estrutural na região do Ruhr, tradicional centro da indústria pesada da Alemanha. Até 1985, o lugar era usado para fabricar aço. Hoje, ele abriga shows, exposições e eventos esportivos. O antigo gasômetro está agora cheio de água. Nele, é possível até mergulhar.

Equilibrando-se sobre o abismo

Não há praticamente tempo para apreciar a vista. Enquanto isso, os outros também já chegaram em cima e temos de continuar. Na próxima etapa, eu começo a ficar tonto. Entre as paredes de 12 metros de altura, há duas cordas de aço estendidas. E lá embaixo existe um abismo. Temos que nos prender numa das cordas com os mosquetões e, na outra, temos que nos equilibrar até o outro lado.

Todos seguem, um após o outro, de modo que a corda não balance demais. Primeiro Horst, depois, Hannah, ambos chegam com bastante rapidez do outro lado. Então, é a minha vez. Eu me prendo e vou andando bem devagar, passo a passo, sobre o precipício. A corda balança bastante, pois o vento sopra bem forte aqui em cima. Ainda assim, consigo chegar ao outro lado.

Kletterpark Duisburg
Na segunda etapa, os aprendizes têm que se equilibrar sobre um caboFoto: DW/Ch. Ricking

Então percebo que me acostumei muito bem com a altitude. Não sinto muita coisa quanto olho para baixo. Só meus tênis continuam a ser um problema, me obrigando a forçar meus braços ainda mais, pela falta de apoio nos pés. No final, eles doem bastante, quando chego embaixo novamente, após duas horas. Mesmo assim, foi divertido escalar. Talvez eu tente um dia escalar de novo, mas desta vez nas montanhas.