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Silêncio confirmador

mw30 de julho de 2003

Governo alemão mantém silêncio sobre seqüestro no Saara. Berlim não confirma, nem desmente notícia de que uma alemã já teria morrido há semanas. Diplomatas e agentes secretos estariam negociando pagamento de resgate.

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Cartaz com alemães seqüestrados e veículos que usavamFoto: AP

Há cinco meses, Berlim mantém o mesmo ritual quando surgem novas notícias sobre o seqüestro de turistas alemães, holandeses e suíços no deserto do Saara. O governo não desmente as informações, nem as confirma. Desta vez, a rede pública de tevê revelou que uma mulher alemã, de 46 anos, mãe de dois filhos em Augsburg, morreu já faz um bom tempo. Hipertensa e com colesterol alto, ela tomava regularmente remédios, que no deserto lhe fizeram falta. Na Argélia, país do seqüestro, os boatos da morte já circulavam há semanas.

O Ministério das Relações Exteriores mais uma vez não se manifestou sobre a notícia. Os diplomatas mantêm o silêncio, alegando não querer colocar em risco a vida dos reféns. O governo repete apenas estar fazendo de tudo para ajudar os seqüestrados e mantendo seus parentes informados sobre a situação. Pode-se deduzir, portanto, que a família de Augsburg já sabia da morte.

As informações sobre onde está a caravana de seqüestradores e seqüestrados divergem no momento. Em todo caso, estaria no limiar da fronteira entre Argélia e Mali, mais de 1200 quilômetros de distância das montanhas Tamelrik, em cujos desfiladeiros o grupo se escondeu durante meses. Na semana passada, após longo tempo sem notícias, surgira a informação de que havia atravessado para o Mali. Sinal da veracidade do boato teria sido o vôo de um diplomata de Berlim para o país africano, onde encontrou-se com o presidente.

Na busca por explicações

Observadores perguntam-se, entretanto, como a caravana conseguiu percorrer tamanha distância sob o sol escaldante do verão saariano. Por que o Exército argelino não interceptou o grupo? Embora pouco se possa acreditar, o governo em Argel assegura que os sobreviventes estão bem. Como sabe? Especula-se sobre um possível acordo entre os seqüestradores e o Exército argelino.

Este estaria sob pressão dos europeus, contrários ao uso de violência para libertar os 14 homens e mulheres. Para evitar um confronto com os criminosos, os militares teriam cedido veículos para chegar ao Mali. Os reféns seriam libertados ainda em território argelino e os seqüestradores se refugiariam no norte do Mali, uma região saárica tão grande quanto a França e praticamente sem controle do governo.

Negociação de resgate em andamento

Segundo jornais argelinos, estariam previstas negociações diretas entre policiais europeus e seqüestradores nesta quinta e sexta-feira. Dez agentes alemães, holandeses e suíços estariam na fronteira entre Argélia e Mali para estabelecer contato com o grupo.

Possivelmente, negocia-se o pagamento de um resgate. Fala-se que os criminosos reivindicam um milhão de euros por refém. Oficialmente, o governo da Suíça declarou que não aprovará, por questão de princípio, qualquer pagamento a seqüestradores. A realidade parece entretanto ser outra. Por baixo dos panos, existiriam negociações neste sentido. Mas, claro, nem o governo argelino, nem o malinês, nem os europeus comentam tais notícias e informações.