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Foi por pouco

14 de dezembro de 2010

Conseguindo sobreviver à votação de confiança na Câmara dos Deputados com apenas três votos de diferença, Berlusconi conseguiu se impor, mas sua liderança será frágil. Oposição alega que não há mais governabilidade.

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Silvio Berlusconi continua primeiro-ministro italianoFoto: AP

Mais uma vez, Silvio Beslusconi consegue se manter como primeiro-ministro à frente do governo da Itália. Nesta terça-feira (14/12), o político conseguiu vitória nas duas câmaras do Parlamento, depois de se submeter à votação de confiança.

Mas foi por pouco: na câmara baixa, Berlusconi obteve 314 a favor e 311 contra – foram registradas duas abstenções. A rodada de votação precisou ser interrompida devido a confrontos registrados durante a tensa sessão.

Um pouco mais cedo, o político italiano havia conseguido uma vitória mais confortável no Senado, com 162 votos contra 135. Uma derrota em qualquer das duas instituições obrigaria Berlusconi a renunciar.

A diferença de apenas três votos na Câmara dos Deputados deverá dificultar o governo do primeiro-ministro italiano. O pedido para que o primeiro-ministro fosse confrontado com uma votação de confiança foi feito pela oposição de centro-esquerda e por um grupo de conservadores rebeldes.

Enquanto senadores e deputados davam sua opinião sobre o tema, milhares de italianos ocupavam as ruas para protestar contra Berlusconi. Na capital, Roma, manifestantes chegaram a arremessar garrafas e fogos de artifício. A polícia precisou usar bombas de gás lacrimogêneo para controlar o tumulto.

Misstrauensvotum Silvio Berlusconi Dezember 2010 Proteste
Manifestação anti-Berlusconi em RomaFoto: AP

A virada

Pier Luigi Bersani, líder da oposição, protestou após a vitória do primeiro-ministro: "Você, primeiro-ministro, não está mais em posição para governar", bradou ao Parlamento. "Este país está cansado, e quer mudança", continuou.

A desconfiança em torno de Berlusconi aumentou depois do rompimento, no começo do ano, entre o primeiro-ministro e Gianfranco Fini, até então seu aliado fiel. Fini, porta-voz do Parlamento, arrastou consigo para o lado da oposição outros 40 legisladores.

O atual mandato de Sílvio Beslusconi, o terceiro como primeiro-ministro, vai até 2013. Ele chegou ao cargo pela primeira vez em 1994, mas apenas por alguns meses. Em 2001, Berlusconi venceu as eleições depois de uma forte campanha na mídia, e ficou no poder até 2006 – e se transformou no primeiro-ministro italiano que por mais tempo permaneceu no cargo no pós-guerra.

Em 2008, o político venceu novamente. A vida política do italiano, desde então, sempre foi acompanha por escândalos sexuais e corrupção.

O jogo político

Depois de garantir sua sobrevivência no poder, o político de 74 anos terá que fazer concessões aos políticos rebeldes para que haja governabilidade – embora Berlusconi tenha dito que convocará eleições, caso sua coalizão não consiga aprovar leis importantes, como a reforma do Judiciário italiano.

Roberto Maroni, ministro do Interior membro da Liga do Norte, partido aliado de Berlusconi, expressou sua opinião: "É preciso haver condições para uma continuidade do governo com uma maioria sólida, senão será melhor convocar eleições."

A crise lá fora

Comparando com a eleição que ganhou em 2008, o resultado desta terça-feira deixa o premiê de 74 anos com uma maioria parlamentar bem mais reduzida. Nos últimos dois anos, Berlusconi foi elogiado por garantir a estabilidade do país, mas alguns críticos afirmam que sua administração foi uma desastre para as finanças públicas.

A Itália tem um dos débitos públicos mais altos do mundo, que chega a 120% do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, graças ao controle acirrado dos gastos e ao sistema bancário conservador, o país conseguiu escapar da tempestade gerada pela recente crise do euro.

NP/rts/dpa/afp/ap
Revisão: Carlos Albuquerque